A Rádio Vanguarda de Feira

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terça-feira, 15 de novembro de 2016

10 musas inspiradoras da MPB!




1. All Star -  Nando Reis
A dona do All Star azul que Nando Reis não vê a hora de encontrar é a cantora Cássia Eller. Muito amigo da roqueira, Nando sempre a visitava em seu apartamento, que ficava no 12º andar de um prédio no bairro das Laranjeiras, no Rio de Janeiro.

2. Anna Julia - Los Hermanos
A canção foi escrita por Marcelo Camelo com base na história do produtor da banda, Alex Werner. Quando fazia faculdade, ele paquerava uma colega chamada Anna Julia Werneck, mas não se aproximava dela porque era muito tímido. Apenas mandava bilhetes pelos amigos. Depois que a música foi composta, Alex tentou uma nova aproximação. Os dois chegaram a ter um caso. O romance, porém, não deu certo.

3. Lygia - Tom Jobim
Lygia Marina de Moraes, ex-mulher do escritor Fernando Sabino, conheceu Tom Jobim no antigo bar Veloso, em Ipanema, no Rio de Janeiro (RJ). Aconteceu um pequeno flerte no dia em que foram apresentados, mas não passou disso. Na época, Tom era casado. Mesmo assim, a "quase relação" acabou virando canção. O maestro negou durante anos a identidade de sua musa em respeito ao amigo Sabino. A revelação ocorreu em 1994, ano em que o casal se separou.

4. Carla - LS Jack
O cantor da banda, Marcus Menna, fez a canção pensando na esposa, a arquiteta Carla. Ele não tinha a intenção de colocar o nome dela na canção, mas o produtor do grupo insistiu e ele acabou cedendo.

5. Carol Bela - Jorge Ben e Toquinho
A inspiradora foi Maria Carolina Whitaker. Na década de 60, a moça tinha o Bar Branco, na Bela Vista, São Paulo. Tanto o bar como sua casa, apelidada de Solar da Paz, costumavam ser frequentados por Jorge Ben e o então namorado de Carol, Toquinho. De brincadeira, os músicos compuseram a canção para ela sentados no sofá.

6. Luíza e Ana Luíza – Tom Jobim
Em um dia chuvoso, Tom Jobim, Chico Buarque e Carlinhos de Oliveira estavam em um bar do Rio de Janeiro, e uma moça entrou no lugar para se proteger. Era Ana Luíza, inspiradora para as músicas “Ana Luíza” e “Luíza”. Em 1986, Tom Jobim se casou com Ana Beatriz Lontra, e um ano mais tarde teve uma filha chamada Maria Luíza. Pois isso, chegou a declarar que havia feito “uma canção premonitória”.

7. Drão - Gilberto Gil
Sandra Gadelha ganhou o apelido Drão da cantora Maria Bethânia. Mas o nome se popularizou na música que Gilberto Gil fez para ela. Os dois foram casados por 17 anos. Gil escreveu a letra poucos dias depois da separação.

8. Garota de Ipanema - Tom Jobim e Vinicius de Moraes
A dupla escreveu a canção para Helô Pinheiro quando ela tinha 15 anos e frequentava a praia de Ipanema, no Rio de Janeiro. Quem primeiro a notou foi Tom, que costumava observar escondido "a garça que é uma graça", como dizia. O maestro contou a Vinicius sobre a namorada platônica e fez o amigo esperar três dias sentado em um bar para ver a menina passar. Impressionados com sua beleza, os dois decidiram compor a melodia, que se tornou uma das canções brasileiras mais executadas no mundo.

9. Morena dos Olhos d’Água - Chico Buarque 
A socialite Eleonora Caldeira - ex-mulher do empresário Wilson Mendes Caldeira Júnior - serviu de inspiração para a música do cantor Chico Buarque, lançada no álbum "Chico Buarque de Hollanda" (1967).

10. 
Madalena - Ronaldo Monteiro de Souza e Ivan Lins
Ronaldo Monteiro estava chateado com o fim do namoro de 3 anos com Vera Regina. Foi até um bar defronte a praia de Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ), para afogar as mágoas. Olhando o mar imenso, teve a ideia do verso: "o mar era uma gota, comparado ao pranto meu". Mas não teve coragem de colocar o nome da ex na canção. Segundo ele, Madalena foi o primeiro nome que lhe ocorreu.

Álbuns mais vendidos do mundo!

Entre os álbuns mais vendidos do mundo, os que mais aparecem na lista são de artistas de música pop ou rock 'n' roll. Todos os recordistas de vendas lançaram seus discos nos anos 70 ou 80, época de ouro para a indústria fonográfica. Era o tempo dos tradicionais álbuns. Pessoas faziam filas nas portas das lojas para conseguirem seus exemplares. Era a única forma de fica sabendo das novidades musicais e ouvir o trabalho de novos músicos.



O álbum mais vendido de todos os tempos é o Thriller, lançado pelo finado Michael Jackson em 1982. O disco chegou a vender mais de 100 milhões de cópias e, naquele ano, o cantor pop era o maior nome da música. Seguindo o gênio da música pop, uma banda de rock australiana superou a marca dos 40 milhões de cópias vendidas no ano de 1980 e conquistou o lugar de segundo álbum mais vendido no mundo. Eles eram o AC/DC, que acabavam de lançar o disco Back in Black e conquistaram fãs no mundo inteiro.
Respectivamente, três bandas de rock dos anos 70 levam o terceiro, quarto e quinto lugar. No ano de 1973 o Pink Floyd lançava seu disco mais influente, a bíblia do rock progressivo Dark Side of the Moon. Com esse disco, venderam 45 milhões de cópias e tornaram-se uma das maiores bandas de rock do mundo. Em 1977, o Meat Loaf alcançava a marca de 43 milhões de álbuns vendidos, seguido pelos Eagles, que venderam 42 milhões de cópias de seu disco Their Greatest Hits (1971–1975).
O único filme a fazer parte da lista dos álbuns mais vendidos do mundo é Dirty Dancing, lançado em 1987. O disco também alcançou a marca das 42 milhões de cópias vendidas, alcançou o sexto lugar entre os mais vendidos; e trouxe para os anos 80 diversos hits do passado como a música Be My Baby, das Ronettes, grupo pop feminino dos anos 60. Também dos anos 80, a trilha do teatro musical O Fantasma da Ópera de Andrew Lloyd Webber vendeu 40 milhões de cópias e alcançou o sétimo lugar.
Os últimos dois grupos a chegarem à marca dos 40 milhões de álbuns vendidos foram os Bee Gees e Fleetwood Mac. O primeiro alcançava o oitavo lugar nos mais vendidos com o álbum Saturday Night Fever, de 1977. Já o segundo emplacava o álbum Rumours, deste mesmo ano, vendendo a mesma quantidade de cópias.
Seguem as outras bandas e artistas que mais venderam álbuns no mundo todo:
  • Led Zeppelin – Led Zeppelin IV – 1971 – Rock – 37 milhões.
  • Bee Gees – Spirits Having Flown – 1979 – Disco / Pop – 30 milhões.
  • Bruce Springsteen – Born in the U.S.A. – 1984 – Rock – 30 milhões
  • Dire Straits – Brothers in Arms – 1985 – Rock – 30 milhões.
  • Michael Jackson – Bad – 1987 – Pop / R&B – 30 milhões.
  • Pink Floyd – The Wall – 1979 – Progressive rock 28 milhões
  • Bon Jovi – Slippery When Wet – 1986 – Rock – 28 milhões.
  • Guns N’ Roses – Appetite for Destruction – 1987 – Rock – 28 milhões.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

10 curiosidades sobre o Rock’n' Roll...

O Dia Mundial do Rock é comemorado no Brasil desde 1990. A data, na verdade, surgiu em 1984, quando o artista Bob Geldolf viu a situação deplorável na Etiópia e decidiu juntar grandes músicos para um evento, o Live Aid, para arrecadar fundos e ajudar aquele país. Hoje em dia a data é praticamente ignorada por outros países.
Então, para comemorar o dia do bom e velho Rock’n Roll separamos algumas curiosidades sobre o gênero que talvez você não saiba.
1 – “Foo Fighters” era o termo utilizado por aviadores norte-americanos para descrever “OVNIs”. Dave Grohl declarou que, se soubesse que a banda faria tanto sucesso, teria escolhido um nome "menos estúpido".

2- O primeiro rock brasileiro veio de ninguém mais ninguém menos que Cauby Peixoto. Sim! Com a música “Rock n’ Roll em Copacabana”, de 1957.

Curiosidades do rock

3 – O nome da música de maior sucesso do Nirvana, “Smells Like Teen Spirit”, veio de uma marca de desodorante, "Teen Spirit", mas, obviamente, tem duplo sentido na letra.

4 – Na música “The Great Pretender”, do Queen, uma das mulheres que estão cantando com Freddie Mercury, na verdade, é o baterista da banda fantasiado de mulher.

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5 – Uma das teorias do nome da banda AC/DC diz que ele foi sugerido pela irmã de Angus e Malcolm, que leu “Alternating Current/Direct Current” (Bivolt) em um aspirador de pó, o grupo gostou e adotou o nome.

6 – O baterista do Led Zeppelin, John 'Bonzo' Bonham, tomou o equivalente a 40 doses de vodca e morreu asfixiado pelo próprio vômito.

7 – Bon Scott, primeiro vocalista de AC/DC, também morreu asfixiado pelo próprio vômito dentro do carro quando foi descansar depois da bebedeira.

8 – Ozzy Osbourne mordeu um morcego de verdade durante um show em Iowa, quando um fã jogou o animal no palco. Pensando ser de brinquedo, Ozzy mordeu a cabeça do coitado. Em seguida, ele foi levado ao hospital para tomar uma vacina antirrábica.

9 – Cliff Burton, ex-baixista do Metallica, morreu em um acidente de ônibus quando viajava com a banda. A teoria é que Cliff ganhou aquela cama do ônibus em uma aposta com os demais integrantes. Ele geralmente não dormia ali.

10 – O Guitarrista da banda Black Sabbath, Tony Iommi, perdeu parte de dois dedos trabalhando em uma fábrica ee precisou colocar próteses. Para melhorar o manuseio da guitarra, afinou-a dois tons mais grave. Mesmo depois disso, ele compôs uma das músicas de maior sucesso da banda “Iron Man”.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Curiosidade!!! Sambando na cara da sociedade



Gravada em "Samba Esquema Novo" (1963), álbum de estreia do cantor e compositor Jorge Ben -como era conhecido na época-, "Mas Que Nada" foi executada pela primeira vez no Beco das Garrafas, em Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ). Graças a versão feita por Sérgio Mendes três anos mais tarde, a música ficou quase tão famosa quanto "Garota de Ipanema" e ganhou interpretações de artistas como Ella Fitzgerald, José Feliciano, Al Jarreau e Trini Lopez. Em 2006, a banda Black Eyed Peas convidou o pianista brasileiro radicado nos Estados Unidos para regravar o primeiro grande sucesso de Jorge Ben Jor. Resultado? O hit chegou a 13ª posição na parada Hot Dance Music/Club Play da revista Billboard.

BH-Abbey Road

O Skank foi o primeiro grupo brasileiro a gravar e mixar um disco no lendário Abbey Road, em Londres. ?Siderado? (1998), quarto álbum da banda, foi produzido por Paul Ralphes e John Shaw no estúdio usado pelos Beatles e vendeu 750 mil cópias. Anos antes, os mineiros haviam alcançado o primeiro lugar nas paradas de uma rádio europeia com o hit ?Garota Nacional?.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

CONTRACULTURA, POLÍTICA E HIPPISMO NOS 70

Fazenda de Gute Fernandez — com Rosa Villas-Boas, Angela Nou e Dalmiro Coronel. Foto acervo Dalmiro Coronel

Anos 70 Bahia – Episódio 22

Os anos 70 marcaram a explosão do movimento hippie na Bahia. Salvador, Arempebe, Trancoso e Berlinque (território de My Friend) consagraram-se como "terra prometida” da peregrinação mochileira e da vida alternativa. Comunidades brotaram em toda parte e os outsiders, os marginais ao sistema viviam o coletivo, as casas com as portas escancaradas para quem chegasse. Na Boca do Rio, Pituaçu e aldeia hippie muita gente veio para morar, as tribos da contracultura misturadas a nativos e pescadores.
A fazenda de Gute Fernandez, em Feira de Santana, era um desses pontos de encontro: casarão antigo, quartos amplos, piano na sala. O artista plástico Cândido Soler apareceu lá para passar um fim de semana e ficou quase três meses. Era assim na fazenda Cipó e também na fazenda Guará, de Jonga Falcão, em Barreiras: uma comunidade de três casas com cozinha geral, por onde passou muita gente. Um paraíso nessa bela parte do oeste baiano antes da soja, com rios cristalinos e sem os venenos dos agrotóxicos.
Equilíbrio é arte em vida, e arte nos ensina. Aqui Rosa-Villas boas dá um show na borda de um veleiro, perto de Morro de São Paulo. Foto Dalmiro Coronel

O cineasta Domingos de Oliveira relata, em sua autobiografia, que a importância do movimento hippie não foi levada em conta pela esquerda: “Penso que foi o movimento mais importante que houve no mundo, depois da revolução comunista em 1917. Porém, a consciência revolucionária, esta foi destruída pela sociedade de consumo com um vendaval maligno, um sopro infernal. (...) Concordo com quem acha que o maior erro da esquerda foi não ter percebido de imediato que os hippies não eram seu oposto, mas sim, sua continuação! Isso foi um erro político lastimável, trágico!”
Era um tempo de descobertas, enfrentamentos e opções antagônicas entre o engajamento e o desbunde, entre o deixa rolar e o deixa sangrar. No Brasil, a cortina desceu abruptamente em meados dos anos 60 e acirrou-se no final da década, marcando os 70 com a contradição entre o hippismo marginal ao sistema num extremo, e a luta armada contra o regime militar no outro. Neste episódio, o livro Anos 70 faz uma visita-relâmpago à contracultura (tema abordado nos episódios 3, 4, 17 e 18 aqui postados), mais adiante o faremos ao engajamento político.

A doçura cenográfica dos Bárbaros, by Walter Firmo
O fato é que, no âmago da contradição, havia afinidades e convergências. Para a professora Heloísa Buarque de Holanda, “a gente tinha a certeza que ia fazer a revolução; era uma geração voluntarista, sem dúvida, e estava tudo indo muito bem. Quando 68 chegou, foi o último berro. (...) Tudo era proibido, mas já havia começado uma certa fragilização desse controle quando veio o segundo golpe, que abortou um projeto que estava num pique absurdo. Porque o tropicalismo e a passeata se confundiam. Era a mesma coreografia. (...) Foi uma hora em que a cultura fez política". (Tirado do livro “Enquanto corria a barca”, de Lucy Dias – pgs. 34 e 35).
Bakunin, Thoureau, Huxley e guerra fria a parte, o movimento hippie aplicou um choque cultural de alta voltagem no “establishment” das décadas de 60 e 70, sacudindo os pilares da velha ordem: aproximou-nos da natureza e dos ideais igualitaristas, fez um link do ocidente com o oriente, em especial no misticismo e na música, legou-nos a comida macrobiótica e a liberdade feminina, juntando as mulheres e os homens na mesma pegada; celebrou a simplicidade em oposição ao capitalismo consumista, falou de paz, amor, aventura, viagens, buscou novas percepções do nosso mundo e do universo, garimpou shangrilás em regiões paradisíacas do planeta.
Marquinhos Rebu e amigas na ilha de Itaparica

O poeta Galvão, dos Novos Baianos, resumiu: “Desenvolveram-se aptidões manuais e criou-se um mercado artesanal de trabalho. Aboliu-se de cara o livro de ponto, o horário, a materialização do patrão e por aí o jovem escolheu sua vida. Sinto dizer que alguns piraram, e outros, os pais (por ignorância) colocaram no sanatório”. É certo que houve céu e inferno, luz e trevas, como em qualquer revolução, mas o legado que deixou não foi aproveitado como devia. Será?
Cacá Dourado e Sérgio Souto (saudades!). Do baú de Oscar Dourado
FERNANDO NOY (comentando a foto acima) – Sérgio Souto, que maravilha revê-lo, aquele abraço. E nada menos Oscar (Cacá) Dourado, um dos grandes amigos-irmãos da Bahia, com aquele esplendor que segue sempre irradiando, pois o visitei há pouco e a Inês e suas filhas. Venerados. Que maravilha esta foto. Ovações!!!

FERNANDA FALCÃO TORRES – Oiiii!! Sou filha de Petúnia Maciel e Marcos Maciel Santos. Acompanhei muito desses momentos com o olhar de criança e pré-adolescente! Foram definitivamente anos do "muito": muita alegria, farra, música, amigos, drogas, descobertas, loucos... e por aí vai.... Vivi no sítio dos Novos Baianos, moramos na casa de Caetano e Dedé, festas maravilhosas na casa de Gil e Sandra Gadelha, moramos muito tempo na Boca do Rio, que, durante algum tempo, me parecia uma mini-aldeia hippie... kkkkkkkkk... Com Joildo Goes sendo Joildo, Keka Almeida lindíssima... Na casa de Veras tinha uma baleiro enorme, cheio de tudo o que uma criança mais gostava, eu nunca tinha visto igual... Fiquei louca!! E ele, vendo minha cara de "vontade daquilo tudo", me deu todos os doces do baleiro!! Foi um dos dias mais felizes da minha infância... Fiz curso de jazz com Lennie Dale e tive a sorte de no meu aniversário ter uma dança coreografada por Paulete dos Dzi Croquetes, era baseada na novela Dancing Days... Íamos a Itaparica para visitar João Ubaldo, ele e Petúnia enfiavam o pé na jaca. Fazenda em Ipiaú... Zebrinha! Xoxa foi meu fiel escudeiro durante a adolescência, uma companhia inestimável... meu Deus... tem muito mais... tantas lembranças! Não... Não foi fácil ser criança e filha de pessoas que viveram intensamente esses anos, mas sou privilegiada de ter esses pais. Sou filha desses anos felizes... Axé!!

Era Lacerda Encarnação, clicada por Candinho
FERNANDO NOY (comentando a foto acima) – Era!!! Fabulosa presença dos anos 70. Até hoje sempre tão amada, admirada, recordada... besos!!

ERA LACERDA ENCARNAÇÃO – Meu amado e generoso amigo, te amo!!! Beijos mil!
JOSE JESUS BARRETO – O amor, o sorriso e a flor / sexo, drogas e rock n'roll – mais revolucionário para a humanidade que revoluções armadas que tantas vidas ceifaram. Precisamos de novas revoluções no campo da cultura, das artes, do comportamento, do pensamento. O séc XXI, parece, ainda nem começou.

 No Senac, Fernando Noy com a atriz Walquiria Marques, de Porto Alegre, e o ator cearense Padino, quando da montagem de "Peso dos nervos", de Antonin Artaud, na performance inaugural do Expoema - mostra de poesia ilustrada por Gilson Rodrigues, Carlos Bastos e outros pintores baianos. Coordenação do poeta Paulo Barata (1973). Foto: arquivo pessoal Fernando Noy
EURICO DE JESUS – Passou como uma agradável e lúdica brisa utópica, refrescando nossos corpos e mentes: "Quem não dormiu no sleep bag / nem sequer sonhou"!
TACILLA SIQUEIRA – O facebook tornou-se enfim mais psicodélico, artístico e afetivo. Lindo o resgate dos anos 70! Eu me lembro de muitas dessas viagens loucas e dos encontros festivos no nosso apartamento no Canela, onde eu trafegava de camisolinha por entre cabeludos dançantes. Nas minhas memórias infantis a vida era uma grande e linda festa, onde se bailava, ria e filosofava... E bastava aqueles encontros onde todos eram simplesmente felizes... E igualmente felizes éramos nós as crianças criadas nos anos 70.
Elsior Lapo Coutinho – Adorei o depoimento da filha de Marcos Maciel, ícone de nossa época. Ela resume e fala de tudo que vivemos, muito bom.
Marcos José Souza – Que maravilha! Enquanto vocês viviam esse sonho, daqui, quando criança, acompanhava alguns flashes pelas ondas sonoras das saudosas rádios Excelsior e Clube. Tempos árduos. Tempos dos setenta. Um grande beijo ao Anos Setenta Bahia. Obrigado pela partilha.

 Fernando Noy: "Não eram nada confortáveis quando levavam as pessoas seminuas e felizes em ácido, cheias de alegria... mas aconteceu... fusca do diabo!!!"

ROMARIA À CASA DE VINICIUS EM ITAPUÃ

A casa de Vinicius e Gesse, em Itapuã, ainda está lá. Foto arquivo pessoal de Gessy Gesse.

Anos 70 Bahia – Episódio 26



Para desagrado e ciumeira no circuito boêmio-cultural do Rio e São Paulo, Vinicius de Moraes mudou-se para a Bahia no início dos anos 70, “importado” pela atriz Gessy Gesse. Aqui chegando, além dos encantos da sua musa baiana, o poeta deixou-se seduzir pelo carisma e diversidade da boa terra e desfrutou da beleza e magnetismo de Itapuã, onde construiu sua casa. Nos mais de cinco anos em que lá morou, desequilibrou de vez, em favor da Bahia, a balança da artistagem no país!
Ora, direis, o cenário baiano já transbordava de estrelas. De fato, o poetinha aqui encontrou – e logo se enturmou – com gente do naipe de Jorge Amado, Dorival Caymmi, Gláuber Rocha, Carlos Bastos, Carybé, Mário Cravo, Calasans Neto, João Ubaldo, além do time que frequentava a praia tropicalista: Caetano, Gil, Gal, Tom Zé, Bethânia, Novos Baianos e, ainda, baianos outros que aportaram no centro-sul, como João Gilberto, e voltavam sempre que podiam. E o que dizer do panteão formado por Mãe Menininha, Olga de Alaketu, Camafeu de Oxossi, Batatinha, Riachão e tantas mais afrobaianidades? Como poderia o poeta resistir?
E a romaria à casa de Vinicius não cessava: além dos inumeráveis amigos “nativos” – intelectuais, músicos, escritores, colunáveis da cidade –, aqui aportava gente como Toquinho, Baden Powell, Chico Buarque, Mercedes Soza, Sérgio Endrigo, Danuza Leão, Ellis Regina, Leila Diniz, Pablo Neruda, Astor Piazzola. E havia, para completar, levas de turistas, incansáveis e curiosos, que, por meios diversos, davam um jeito de encontrar a casa do poeta...
Vinicius venerava a Bahia mística, africana e matriarcal sintetizadas em Mãe Menininha, que nutria pelo poeta um carinho especial. Foto: arquivo pessoal de Gessy Gesse.
GESSY GESSE – A coisa chegou, assim, àquele ponto em que Vinicius se bandeava para a casa de Elsimar Coutinho, em frente, e lá ficava sentado na varanda, degustando o seu uisquinho, e se divertia assistindo o movimento no nosso portão, os ônibus de turismo que paravam, carros, gente de todo tipo e de todo lugar. Chamavam, gritavam, batiam no portão, cantavam as músicas do poeta. Dolores atendia e dizia “estão viajando, não estão em casa” e tal. A imponência e autoridade dela convencia os turistas e Vinicius chegava a crises de riso, nesses momentos. Foi assim desde que a casa foi inaugurada, nunca tivemos sossego. (“Minha vida com o poeta” – pg. 112).
LULA AFONSO – Segundo Gesse, Vinicius estava cansado de urbanidades e logo entrou em perfeita sintonia com os encantos naturais de Itapuã e as singularidades da cultura baiana. Trocou os trajes que usava em Ipanema e no Leblon por ‘um velho calção de banho’ e viveu aqui um dos períodos mais produtivos da sua trajetória artística. No relato dos sete anos de convivência, ela evoca, em escala minimalista, os tempos marcados pelas celebridades que frequentavam a casa. Tempos em que a mística da cultura baiana foi guindada ao foco da mídia nacional, imortalizando Itapuã como território livre e nicho cultural, com seu charme e beleza decantados em prosa, verso e musicalidade.

Vinicius, Gesse, Dorival e Stella Maris na casa de Itapuã. Foto: arquivo pessoal de Gessy Gesse
WALTER QUEIROZ – No Principado Livre de Itapuã, como ele chamava, moravam (ou frequentavam) verdadeiros monstros sagrados da cultura brasileira (...) Não é Vinicius quem funda a Bahia como um núcleo de cultura no Brasil, mas ele amarra com chave especial, ele traz uma grife para aquele lugar e momento, porque, simpático como ele era, um homem aberto e universal, e vindo de fora, é como se ungisse e consagrasse, demarcasse a Bahia como terreno cultural de importância para o Brasil e para o mundo”. (Entrevista no livro “Minha vida com o poeta”, pg. 225).
LULA AFONSO - Esse deslocamento de eixo consolida a Bahia como “o lugar” no país, nos anos 70. Com sua cultura de raiz pulsante, original e forte o suficiente para polarizar com a cultura “branca” e intelectual do Rio e São Paulo, bem mais poderosa economicamente.
ANOS 70 BAHIA – O relato de Gessy Gesse sobre a real motivação e a feitura do hino “Tarde em Itapuã” traduz, com crueza e alguma ironia, uma faceta curiosa da inserção do poeta na paisagem baiana. Muita gente pode não apreciar, mas foi assim que aconteceu:
No polêmico (para a mídia nacional) "casamento cigano", Vinicius e Gesse celebram a união com a mistura dos sangues. Foto: arquivo pessoal de Gessy Gesse
GESSY GESSE – O poeta compôs a letra sentado na grama, no loteamento dos amigos Édio e Sônia Gantois (hoje Jardim Patamares), presenteando-a ao casal, como tema para o empreendimento, que então se iniciava. Mas não foi utilizada para esse fim, e Vinicius resolveu guardá-la para Caymmi, com quem era difícil, na época, contato no Rio. O tempo foi passando. (...) Toquinho estava fascinado pela letra e acabou me convencendo a lhe dar. Peguei escondido do poeta, pois a minha intuição dizia que eu estava fazendo a coisa certa. E não deu outra: Toquinho musicou e, uns dias depois, começou a tocar a melodia para Vinicius. Ele ficou ouvindo, ficou ouvindo, a música foi tocada umas dez vezes. O poeta falou, então: “Bonito!” E aí Toquinho atacou com “...um velho calção de banho...” Foi assim que a música foi feita. Podem comparar com a letra que ele mandou de Buenos Aires. (Trechos do livro “Minha vida com o poeta”, pgs. 143 e 216).
Zui Muniz Ferreira – Tive a oportunidade de conhecer Vinicius até hoje sou amiga de Gessy Gesse. Que figura era Vinicius!!!

Gesse e Nilda Spencer na casa de Itapuã. Foto: arquivo pessoal de Gessy Gesse
Antonio Jorge Moura – Ainda foca (jornalista iniciante) do Jornal da Bahia, tive distinção de ser escolhido numa manhã de sábado pelo meu chefe de reportagem, Frederico Simões, hoje nome de rua paralela à Tancredo Neves, em Salvador, para fazer matéria sobre a inauguração da casa de Vinicius de Morais, em Itapuã. Cheguei por volta das 9hs e Gessy Gesse me recebeu. Morenaça! Me levou até a sala, pediu para sentar-me e entrou na área íntima da casa. Minutos depois aprece o Poetinha chacoalhando um copo de uisque, me oferece (recuso por timidez) e senta-se para a entrevista. Mostra o folheto com o poema “A Casa”, uma declaração de amor a Gessy e fala sobre a obra de amor que realizou para sua amada. O texto que fiz está nos anais do Jornal da Bahia.

Estrêla Lyra – Muito bom fazer parte de tanta história.... trabalho no Mar Brasil Hotel e a casa que foi do nosso poeta faz parte do nosso hotel e é onde funciona o nosso restaurante Casa di Vina. O lugar está belíssimo!!!

O convite para a inauguração da casa de Vinicius e Gesse, em 1976, foi desenhado por Carlos Bastos