A Rádio Vanguarda de Feira

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terça-feira, 24 de junho de 2014

Curiosidades de Luiz Gonzaga

A PRIMEIRA SANFONA


Januário e Luiz Gonzaga tocando sanfona juntosFoi o Coronel Aires quem realizou o grande sonho de Gonzaga: possuir sua primeira sanfona. Tal instrumento custava a importância de cento e vinte mil réis, Gonzaga tinha só a metade, a outra o próprio Coronel adiantou, quantia esta paga mais tarde com o fruto do seu trabalho de sanfoneiro. O primeiro dinheiro ganho com a nova sanfona foi no casamento de Seu Dezinho, na Ipueira, onde ganhou vinte mil réis. Tal convite viera aumentar sua fama, começa ali a ser um respeitado sanfoneiro na região.


O PRIMEIRO AMOR

Casamento? Gonzaga só pensava nisso. Comprou até aliança. Queria casar com Nazinha, filha do Seu Raimundo Milfont, um importante da cidade. O pai da moça ao tomar conhecimento das intenções do aprendiz de sanfoneiro, não permitiu o namoro. "Um diabo que não trabalha, não tem roça, não tem nada, só vive puxando fole". Gonzaga não hesitou, indignado, comprou uma peixeira, tomou umas truacas (cachaça), quis brigar, quis matar, mas acabou levando outra surra de Santana. Dessa vez fugiu triste para o mato, mas com uma idéia fixa na cabeça: entrar para o Exército.

GONZAGÃO GANHA O MUNDO

Foto de Luiz GonzagaDizendo que ia a uma festa deixou a terra natal rumo ao Crato, no Ceará, cidade maior e mais próspera, onde vendeu a sanfona e pegou o trem para Fortaleza, alistando-se em seguida. Com a Revolução de 1930, o batalhão de Gonzaga percorreu muitos Estados até chegar à cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais. Ali, conheceu outro sanfoneiro, Domingos Ambrósio, o grande amigo que lhe ensinara os ritmos mais populares do Sul: valsas, fados, tangos, sambas. Gonzaga tirou de letra. Em 1939 deu baixa no Exército e seguiu para São Paulo e em seguida para o Rio de Janeiro. Passou então, a apresentar-se em bares da zona do meretrício carioca, nos cabarés da Lapa e em programas de calouros, sempre tocando músicas estrangeiras. Em uma dessas apresentações, um grupo de estudantes cearenses chamou-lhe a atenção para o erro que estava cometendo: por que não tocava músicas de sua terra, as que Januário lhe ensinara? Luiz seguiu o conselho e passou a tocar e compor músicas do Sertão Nordestino. Foi no programa do Ary Barroso que Gonzaga recebera calorosos aplausos pela execução do Vira e Mexe, música de sua autoria, proporcionando ao até então desconhecido Gonzaga o seu primeiro contrato pela Rádio Nacional, no Rio de Janeiro.

SEUS AMORES

Casamento de Luiz Gonzaga e Odaléia GuedesNa solidão da cidade grande, distante de sua família e do seu pé-de-serra, Gonzaga não dispunha de ninguém que dele cuidasse. Apesar de estar morando com seu irmão Zé, demonstrava vontade em construir seu próprio lugar, sua própria família. Teve diversos amores o mais conhecido foi com a corista carioca Odaléia Guedes, em meados do ano de 1945, tendo-a conhecida já grávida, assumindo e registrando como seu filho Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior - Gonzaguinha. Apesar de ser bastante exigente Gonzaga finalmente encontra o que procurava, Em 1948 conhece a pernambucana Helena Cavalcanti, tornando-a sua secretária particular e mais tarde sua companheira. Tal união estendeu-se até perto de sua morte. Não tiveram filhos, pois era estéril.

O SUCESSO

O apogeu do Baião perpassou a segunda metade da década de 40 até a primeira metade da década de 50, época na qual Gonzaga consolida-se como um dos artistas mais populares em todo território nacional. Tal sucesso é devido principalmente à genialidade musical da "Asa Branca" (composição dele com Humberto Teixeira), um hino que narra toda trajetória do sofrido imigrante nordestino. Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação.
Luiz Gonzaga - Humberto Teixeira
A partir de 1953 Gonzaga passou a apresentar-se trajado com roupas típicas do Sertão Nordestino: chapéu (inspirado no famoso cangaceiro Virgulino Ferreira, O Lampião, de quem era admirador), gibão e outras peças características da indumentária do vaqueiro nordestino. Alia-se a esta imagem a presença de sua inconfundível Sanfona Branca - A Sanfona do Povo. Com o surgimento de novos padrões na música popular brasileira, o apogeu do Baião começa a apresentar sinais de declínio, apesar disso, Gonzaga não cai no esquecimento, pelo menos para o público do interior, principalmente no Nordeste. Todavia, foi o próprio movimento musical juvenil da Década de 60 - notadamente Gilberto Gil e Caetano Veloso, este último e depois Gonzaguinha regravando ambos o sucesso Asa Branca, responsáveis pelo ressurgimento do nome Gonzaga no cenário musical do país. Em março de 1972 em show realizado no Teatro Tereza Rachel, no Rio de Janeiro, marca o reaparecimento de Gonzaga para as platéias urbanas. Nessa época retorna às paradas de sucesso como "Ovo de Codorna" cuja autoria é do nordestino Severino Ramos.

A VOLTA PRA CASA

Luiz Gonzaga na fazenda em ExuApós longo período de atividade profissional, cerca de 35 anos, é chegada a hora de retornar a sua terra natal. Em Exu dá início à construção do tão sonhado Museu do Gonzagão, localizado às margens da BR-122, dentro do Parque Aza Branca (escrevia desta forma por pura superstição, embora soubesse do erro ortográfico). Lá se encontra o maior acervo de Luiz Gonzaga e reunião em famíliapeças pertencentes ao Rei do Baião: suas principais sanfonas, inclusive a que tocou para o Papa em Fortaleza; suas vestimentas; seus discos de ouro; troféus; diplomas; títulos; fotos e presentes a ele ofertados ao longo de sua brilhante carreira. Além do Museu, o Parque abriga também o Mausoléu da família, lanchonete, grande palco de shows, várias suítes para acolhimento de visitantes, a casa de Vovô Januário, lojinha de souvenir e a casa grande de onde Gonzaga observava a sua pequena Exu.

domingo, 22 de junho de 2014

MORAES MOREIRA: POR ELE MESMO...

Moraes Moreira começou tocando sanfona de doze baixos em festas de São João e outros eventos de Ituaçu, o “Portal da Chapada Diamantina”. Na adolescência aprendeu a tocar violão, enquanto fazia curso de ciências em Caculé, Bahia. Mudou-se para Salvador e lá conheceu Tom Zé, e também entrou em contato com o rock n’ roll. Mais tarde, ao conhecer Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão, formou o conjunto Novos Baianos, onde ficou de 1969 até 1975. Juntamente com Luiz Galvão, foi compositor de quase todas as canções do Grupo.[1] O álbum Acabou Chorare, lançado pela banda em 1972, foi considerado pela revista Roling Stone Brasil[2] um dos 100 melhores álbuns da história da música brasileira. Moraes Moreira possui 40 discos gravados, entre Novos Baianos, Trio Elétrico Dodô e Osmar e ainda dois discos em parceria com o guitarrista Pepeu Gomes. Moraes se enquadra entre um dos mais versáteis compositores do Brasil, misturando ritmos como frevo, baião, rock, samba, choro e até mesmo música erudita.
Saiu em carreira solo no ano de 1975, e desde então já lançou mais de 20 discos. Na sua carreira solo, destacou-se como o primeiro cantor de trio elétrico, cantando no Trio de Dodô e Osmar, e lançou diversos sucessos de músicas de carnaval, no que se convencionou chamar de “frevo trieletrizado”. Alguns dos sucessos dessa fase são “Pombo Correio”, “Vassourinha Elétrica” e “Bloco do Prazer”, dentre outras.
“Tudo começou em Ituaçu, cidade do sertão baiano, onde nasci. Ainda criança, já era despertado pelo som das bandas de música, pelas madrugadas que antecediam a festa da Padroeira. Eram as alvoradas. Tubas, trompas, trompetes, clarinetes e plautins no toque da caixa, lindos dobrados rompendo o silêncio, entrando em meu sonho. Fogos de artifício explodiam no ar. Logo corria pra rua, e atrás da banda andava e admirava todos aqueles instrumentos e seus sons maravilhosos. A Lira e a Jandira, duas bandas que completavam a alegria da cidade. Bandas que passaram dentro de mim.
À medida que ia crescendo, crescia também o interesse pela música. Ganhei da minha irmã uma sanfona de doze baixos, meu primeiro instrumento, e em pouco tempo de aprendizado já dava para animar festas de São João, batizados e casamentos. Meu professor foi Fidélis, o melhor sanfoneiro da região. Nessa época, se encontrava preso, cumprindo pena por crime cometido na Gruta da Mangabeira. Eu ia visitá-lo em sua cela, enquanto ele me ensinava um pouco dos conhecimentos de sanfoneiro.
Com 16 anos de idade, concluí o ginasial em Ituaçu. Para continuar os estudos, fui para Caculé, cidade vizinha onde havia o curso científico. Chegando lá, logo fiquei conhecendo dois bons violonistas que me ensinaram os primeiros acordes. Me apaixonei pelo instrumento. Mestre Dadula era um deles, do qual eu ouvi duas frases que jamais esqueci: “Violão não tem fim” e “Afinar é mais difícil que tocar”. O outro era Arnunice, colega de colégio com quem aprendi muita coisa. Tocávamos juntos em festivais, bailes e serenatas.
Três anos em Calulé, terminei o curso científico e adquiri, nesse espaço de tempo, um conhecimento razoável de violão. Parti para Salvador, onde deveria prestar exame de vestibular para Medicina. Senti, nesse momento, que já estava bem mais pra música. Ingressei no Seminário de Música da Universidade Federal da Bahia e mesmo não encontrando vaga para estudar violão, topei fazer o curso de percussão, pois meu objetivo era conhecer pessoas e penetrar no meio musical de Salvador. Foi aí que encontrei Tom Zé, grande compositor baiano, que ensinava violão no Seminário, e com ele estudei cifras e composição. Este foi meu primeiro contato com a música; até então eu só tocava de ouvido.
De lá para cá, são mais de 30 anos de estrada, entre Novos Baianos e carreira solo. Isso sem falar nas músicas gravadas por grandes artistas da MPB.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

25 COISAS QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE RAUL SEIXAS


Raul Seixas era baiano como Dorival Caymmi, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa, Gilberto Gil, Moraes Moreira, Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Carlinhos Brown, Pitty e tantos outros. Nasceu na cidade de Salvador em 28 de junho de 1945, filho de Raul Varella Seixas e Maria Eugênia Seixas.

Alguns fãs, site e biógrafos de Raul contam que ele escreveu a música Metamorfose Ambulante aos 12 anos de idade.

Pode-se dizer que as primeiras influências musicais de Raul Seixas vieram com certeza da música nordestina, especialmente o baião e o repente. Raul costamava ouví-las nas viagens com o pai, que era inspetor de ferrovias.

Antes de desejar se tornar cantor, o maior sonho do menino Raul era ser escritor. Ele gostava de criar textos, poesias e histórias em quadrinhos.

O primeiro ídolo de Raul foi Luiz Gonzaga, o chamado Rei do Baião. Mas seu maior ídolo, o sujeito que influenciou sua vida para sempre, foi o Rei do Rock: Elvis Presley. Raul Seixas era “fã de carteirinha” de Elvis.

O primeiro grupo musical do jovem Raul chamava-se Os Relâmpagos do Rock, chamado mais tarde de The Panthers e, em seguida, Raulzito e os Panteras.

Um dos maiores incentivadores de Raul Seixas no início da carreira foi o cantor Jerri Adriani.

Pouca gente sabe, mas o futuro Maluco Beleza produziu artistas e compôs músicas para a Jovem Guarda, entre elas Ainda Queima a Esperança, Tudo o Que é Bom Dura Pouco e Doce, Doce Amor.

O primeiro registro fonográfico de Raul foi um disco de 78 RPM de 1964. Continha as faixas Nanny e Coração Partido – versão brasileira de uma canção de Elvis Presley. O compacto nunca chegou a ser lançado.

No final dos anos 1960, Raul conheceu Mick Jagger, que o incentivou a cantar música africana (????).

Em 1972, ele participou do VII FIC (Festival Internacional da Canção) com duas músicas: Let me Sing, Let me Sing e Eu Sou Eu Nicuri é o Diabo.

O disco que consagrou Raul Seixas, tornando-o um ídolo nacional foi Krig-ha Bandalo, de 1973. Antes disso, ele gravou Raulzito e Os Panteras (1968), Sociedade da Grã-Ordem Kavernista (1971) e Os 24 Maiores Sucessos da Era do Rock (1973).

Falando nisso, Krig-ha Bandalo era uma espécie de grito de guerra do herói dos quadrinhos Tarzan – criação de Edgar Rice Burroughs -, indicando que os inimigos estão chegando.

O vinil Os 24 Maiores Sucessos da Era do Rock foi na verdade um disco com covers de grandes cantores do rock interpretados por Raul, entre os quais estavam: Neil Sedaka, Little Richards e os brasileiros Celly Campello e Roberto Carlos.

A parceria com o hoje escritor Paulo Coelho começou no início da década de 1970 (mais propriamente 1973). Juntos, Raul e Paulo compuseram Al Capone, Eu Nasci Há 10 Mil Anos Atrás, Sociedade Alternativa, Gita, A Maça e Tente Outra Vez.

Em 1974, Raul foi preso e torturado no DOPS (o temível departamento de ordem pública do governo militar) por divulgar, juntamente com o amigo Paulo Coelho, a “Sociedade Alternativa”. De acordo com seus biógrafos e fãs, a tal Sociedade Alternativa (que nem Raul sabia explicar exatamente o que era), foi inspirada nas idéias do místico Aleister Crowley. Para quem não sabe, é o mesmo místico que inspirou o roqueiro Ozzy Osbourne na música Mr. Crowley.

À propósito, você sabia que Raul foi expulso do Brasil em 1974 justamente por causa da Sociedade Alternativa? Para os órgãos de repressão da Ditadura, ela era uma espécie de movimento contra o governo.

As músicas Como Vovó Já Dizia foi recusada duas vezes pelos censores durante o Regime Militar.

Gita é uma música baseada no Bhagavad-Gita, clássico religioso hindu. O Bhagavad-Gita é, na verdade, parte do épico Mahabarata, escrito no século IV a. C. Seu significado? Canção de Deus.

A música Carimbador Maluco fez parte do musical infantil Plunct, Plact Zuuum, exibido pela Rede Globo em 1983. Nele, Raul faz ponta como um carimbador que exige visto de um grupo de crianças que pretendem fazer uma viagem especial.

Raul teve cinco esposas: Edith Wisner, Glória Vaquer, Tânia Mena Barreto, Lena Coutinho e Kika Seixas.

Em 1982, Raul foi preso na cidade Caieiras, Grande São Paulo, sob a acusação de ser um impostor. Ele estava bêbado e não tinha documentos e, por isso, nem os fãs, nem a polícia acreditaram que ele fosse ele mesmo.

Em 1985, Raul foi o pivô de um grande quebra-quebra na cidade de São Bernardo do Campo, onde devia fazer um show. A casa noturna Adrenalina vendeu centenas de ingressos mas, no dia, Raul não compareceu. Revoltados, os fãs depredaram o estabelecimento. A quebradeira foi tamanha que a casa nunca mais se recuperou, fechando as portas pouco tempo depois.

Raul faleceu no dia 21 de agosto de 1989, vítima de pancreatite. Ele foi internado várias vezes para tratar do problema do alcoolismo, mas sempre voltava a beber.

A fama de Raul só cresceu depois de seu falecimento. Nos 20 anos da morte de Raul, milhares de fãs de todo o Brasil se reuniram no Centro de São Paulo para homenageá-lo. Álias, essas reuniões são comuns, ocorrendo sempre na data da morte do cantor. E durante a Virada Cultural (evento com 24 horas de espetáculos) de 2009, foi montado um palco na Estação da Luz só para a apresentação de covers do Maluco Beleza.

domingo, 15 de junho de 2014

Adoniran Barbosa

Adoniran Barbosa
Adoniran Barbosa nasceu em 06 de agosto de 1910, em Valinhos, SP. foi um colecionador nato de apelidos. Seu verdadeiro nome era João Rubinato - mas cada situação por ele vivida o transformava num novo personagem numa nova história.
Ele nos conta a vida de um típico paulistano, filho de imigrantes italianos, a sobrevivência do paulistano comum numa metrópole que corre, range e solta fumaça por suas ventas. Através de suas músicas, canta passagens dessa vida sofrida, miserável, juntando o paradoxo bom humor / realidade - para quê lamúrias?
Tirou de seu dia a dia a idéia e os personagens de suas músicas. Iracema nasceu de uma notícia de jornal - quando uma mulher havia sido atropelada na Avenida São João.
Adoniran nasceu e morreu pobre - todo o dinheiro que ganhou gastou ajudando ou comemorando sucessos com os amigos - seu combustível era a realidade - porque então querer viver fora dela? Talvez soubesse que o valor maior de suas canções eram interpretações como a de Elis ou Clara Nunes.
Foi um grande colecionador de amigos, com seu jeito simples de fala rouca, contador nato de histórias, conquistava o pessoal do bairro, dos freqüentadores dos botecos onde se sentava para compor o que os cariocas reverenciaram como o único verdadeiro samba de São Paulo. Mais do que sambista, Adoniran foi o cantor da integridade.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Riachão, é da Gente!



Clementino Rodrigues, seu  nome de batismo. "Riachão", seu nome nome de samba e de guerra. Maior sambista vivo desta terra baiana e um dos maiores vivos do Brasil,  ao lado de Nelson Sargento, Ivone Lara e mais alguns outros da velha guarda, o tempo já o consagrou  parte da história da música nordestina, em  sua essência negra da Bahia. Pela sua verve pitoresca na forma de compor, retratando  fatos e ocorridos nas ruas de sua cidade  natal, se consagrou como conista musical da antiga Salvador.
Nasceu na Língua de Vaca, no  bairro do Gracia, em  Salvador, a 14 de novembro de  1921 e até hoje mora no  mesmo bairro. De lá sai a troça carnavalesca "Mudança do Garcia", a agremiação  carnavalesca mais sarcástica da cidade com letras de conteúdo  social e político. Cunharam  até um  termo para definir a bajulação dos tropicalistas ao governo do estado: "tropicarlismo". Neste ambiente, de rodas de samba e capoeira foi  criado o  autor de pérolas como a "Ousado é Mosquito".

O apelido de "Riachão", ele disse ao extinto Jornal Diário de Notícias que o ganhou na infância.  "Quando menino  eu  gostava muito de brincar . Mal acabava uma peleja, já estava eu  disputando outra. E aí chegava os mais velhos para desapartar epregando aquelo velho ditado popular: - Você é algum riachão que não se possa atravessar?", disse. Hoje, casado com Maria Eulália, há 44 anos, tem 10 filhos vive uma vida tranquila. No momento,  aguarda o lançamento do novo álbum que vai ser gravado a partir de janeiro do próximo ano, numa iniciativa do produtor Paquito.
Sambista atrevido desde a juventude
Nascido e criado no Garcia, Riachão desde os 9 anos já cantava nas serentas, nos aniversários ou nas batucadas com os amigos do bairro. Batucava em latas de água onde tamborilava seus sambas. A  primeira composição veio aos 12 anos, um samba sem título que dizia: "Eu sei que sou moleque, eu sei, conheço o meu proceder/ Deixe o dia raiar que a minha turma, ela é boa para batucar".
Em 44, consegue entrar para a Rádio Sociedade onde cantou como trio vocal no programa de auditório da emissora de rádio Sociedade AM, "Show Pindorama", um programa do radialista Motta Neto. Ele e seu trio interpretavam até algumas musicas sertanejas, como Valsa Sertaneja, Canta Passarinho e  Beijo Molhado.  Depois, o radialista que descobriu o sambista Batatinha, Antônio Maria, o lança com a música Vida da Semana. Começa a ganhar razoavelmente para os padrões da época.


A princípio, Riachão cantava em trio, depois passa a cantar em dupla e, finalmente, canta sozinho. Aí decide de vez só se dedicar ao samba sob inspiração de Dorival Caymmi. Após Caymmi, foi o primeiro compositor baiano a gravar no Rio de Janeiro ainda na década de 50. As músicas foram Meu patrão, Saia e Judas Traidor, gravadas por Jackson do Pandeiro. Riachão vivia num ambiente muito rico culturalmente em Salvador, convivendo com sambistas como Zé Pretinho e Batatinha.
Riachão segue o caminho artístico do sambista irreverente, compondo sambas como Retrato da Bahia, Bochechuda e Papuda, ganhando o "Troféu Gonzaga" com essas músicas. Mais tarde, o cantor Eraldo Oliveira gravou A nega que não quer nada e a cantora Maria Inês interpretou Terra Santa. Outras músicas de Riachão foram gravados por outros nomes do samba e da música popular brasileira , como Vamos pular, gente e Vá mamar em outro lugar.
O "Umbigão da Baleia"
Irreverente, Riachão possue uma maneira peculiar de apresentar as notícias através do samba, pois todo fato relevante da cidade. Riachão transformou em crônicas ao ritmo do genuíno samba baiano numa linguagem direta e de alcance popular. Entre 48 e 59, ele compôs músicas como A morte do motorista na Praça da Sé, A Tartaruga, A Onça Peteleca, Chegou Pinguim, Visita da Rainha Elisabeth e Incêdio do Mercado Modelo.  Um dos fatos mais inusitados aconteceu no início da década de  60 quando uma baleia morta chamada de "Moby Dick"  veio ser exposta para visitação pública na Praça da Sé.  Daí ele, em fez o samba Umbigada da Baleia.
Outra sacada do cronista urbano Riachão foi A Tartaruga que relata o caso chegada de uma enorme tartaruga que nadou da América do Norte e veio boiar nas águias das praias de Salvador. O senso quase jornalístico com tom poético bem humorado de Riachão, também, pode ser encontrado no samba A morte do alfaiate.
Década de 70 e os registros fonográficos
Apesar do reconhecimento da crítica e de artistas da MPB, Riachão não consegue se inserir nnuma sequência significativa de shows e de regsitros fonográficos (única exceção foi o compacto em 78 rpm de O Umbigão da Baleia gravado nos anos sessenta). Por iniciativa  de Paulo Lima e da gravadora Philipis, através do selo Fontana Special, em 75, é gravado o álbum reunindo a nata do samba da Bahia. "O Samba da Bahia" traz Riachão, Batatinha e Panela em grandes momentos. Riachão participa nas faixas Vou chegando, Fufú, Terra Hospitaleira, PItada de Tabaco, Ousado é Mosquito e Até amanhã.
A força  dada por Caetano e Gil
Depois da Tropicália que ao surgir no fianl dos anos 60 valorizou a música antiga brasileira, em especial a música nordestina de raiz como o samba baiano. Em 72, na volta do exílio em Londres, Caetano Veloso e Gilberto Gil vieram a Salvador para escolher música de compositores baianos para marcar sua volta ao mercado fonográfico nacional. A música escolhida foi "Cada macaco no seu galho" que foi sucesso em todo o país. Nos shows de divulgação do CD "Tropicália 2" de Caetano e Gil lançado em 93 estava lá o velho sucesso de autoria de Riachão.
Ainda nos anos 70, Riachão tem um samba proibido pela Censura. A música se chama Barriga Vazia cuja letra fala sobre a miséria: "Eu  de fome vou morrer primeiro/ você, de barriga, também, vai morrer um dia". A notícia da censura corre a cidade e num show no ICBA, em 76, a platéia universitária exige que Riachão a cante. O público pede tanto que os músicos começam a executá-la e Riachão se vê obrigando a cair na verdadeira celebração que se formou. Foi uma das poucos "furos" à Censura realizado em shows nos anos 70 por um artista.
O segundo registro fonográfico e o hiato subseqüente
Em 73, grava o álbum "Sonho do Malandro" patrocinado pelo Desenbanco em comeoração aos 15 anos da empresa onde trabalhava desde 71. O álbum tem predominância de sambas com a malícia baiana temperado com metais, acordeon e vocais típicos dos sambas de fundo de quintal e até flautas e cavaquinho de regional de chorinho. Destaques para as faixas Quando o galo cantou. O samba chorado Eu também quero relata o aparecimento do tíquete-refeição: "Essa turma que trabalha muito cedo/ vem a fome que faz medo/ e faz a barriga roncar/ vai no caixa compra tique/ pega tíque/ leva o tíque/ dá o tíque/ para poder almoçar".  O álbum trouxe composições mais recentes de Riachão.  Outro destaque do álbum é o samba chorado Dia do Coroa.  Ele regrava o samba rasgado de  Baleia da Sé, demonstrando a atualidade da composição de Riachão. O disco fecha com o samba Que beleza.
Depois da fraca recepção do segundo LP - ao contrário do primeiro que chegou a ser saudado pela revista Veja como um dos 20 melhores lançamentos nacionais no seu ano de lançamento -, Riachão fica num relativo ostracismo artístico. Para divulgar o segundo LP, ele passou um tempo até  no Rio de Janeiro para se apresentar nos programas de televisão. Continuou fazendo shows esporádicos no circuito universitário ou dito "cultural" à margem do esquemão da fatia de mercado da MPB.
Novo registro apenas no ano 2000
Depois de um hiato de quase 20 anos, Riachão vai gravar um novo trabalho a partir de janeiro do próximo ano (ano 2000). O produtor Paquito é o responsável pela recuperação da carreira artística de Riachão e promete a participação de Caetano Veloso e da sambista carioca Done Ivone Lara. Nenhuma gravadora ainda fechou contrato com o artista que promete trazer novas composições feitas de 81 para a atualidade. O samba baiano sobrevive na malemolência de Riachão. Viva a Bahia!

Desenhos e manuscritos de John Lennon são vendidos por US$ 2,9 milhões


  • Reprodução do desenho de John Lennon leiloado pela Sotheby's Reprodução do desenho de John Lennon leiloado pela Sotheby's
Desenhos e manuscritos de John Lennon datados dos anos 1970 foram leiloados pela Sotheby's.
Os 89 lotes foram avaliados entre 850.000 e 1,2 milhão de dólares. Todos, sem exceção, foram vendidos em duas horas por 2,9 milhões de dólares (cerca de R$ 6,6 milhões), mais do que o dobro do estimado.
EFE
Reprodução do desenho de John Lennon leiloado pela Sotheby's
O leiloeiro Benjamin Doller estava radiante ao bater o martelo do último lote.

Os desenhos a tinta e os manuscritos de textos e poemas, alguns escritos a mão e outros a máquina, foram produzidos pelo ex-Beatle, morto em 1980, para dois livros publicados em 1964 e 1965, "In His Own Write", uma série de poemas e contos, e "A Spaniard in the Works".
Os objetos eram propriedade do editor Tom Maschler, que havia levado adiante o projeto destas duas obras para a editora Jonathan Cape.
O destaque do leilão foi "The Singularge Experience of Miss Anne Duffield", o manuscrito de uma paródia de Lennon para Sherlock Holmes presente em "A Spaniard in the Works", vendido por 209 mil dólares.
"O resultado foi extraordinário. A primeira venda de um lote total em 2014 na Sotheby's de Nova York, mostra que os versos nonsense, os trocadilhos, o humor maldoso e os desenhos cômicos de Lennon continuam a ter impacto 50 anos após a publicação de 'In His Own Write' e "A Spaniard in the Works'", disse Gabriel Heaton, vice-diretor do departamento de livros e manuscritos da Sotheby's, em um comunicado.
Entre outros itens de destaque no leilão, estavam o manuscrito de "The Fat Budgie", vendido por 143 mil dólares, e um desenho a tinta de um guitarrista, arrematado por 137 mil dólares.
Outros objetos leiloados eram um guia satírico de Liverpool e o desenho de um jovem e seis pássaros que serviu de capa ao single "Free as a Bird" dos Beatles.
Heaton, que descreveu os itens como a coleção mais substancial de trabalhos artísticos e manuscritos originais de Lennon, disse que todos os lotes à venda foram produzidos no auge da Beatlemania.
O leilão coincidiu com o 50º aniversário da publicação de "In his Own Write" e com a primeira apresentação dos Beatles nos Estados Unidos.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Jornalista baiano é premiado em festival de cinema no Rio de Janeiro


Escolhida por júri popular, 'O Filho da Atriz' concorreu com outras 53 obras cinematográficas de todo o país

O filme 'O Filho da Atriz, roteiriza e dirigido pelo jornalista baiano Juca Badaró, foi o vencedor do I Festival O Cubo de Cinema, na categoria Melhor Curta-Metragem de Ficção. Escolhida por júri popular, a produção independente concorreu com outras 53 obras cinematográficas de todo o país.
Juca Badaró, roteirista e diretor de 'O Filho da Atriz'
A premiação aconteceu na última quinta-feira (22), no Centro Cultural da Justiça Federal, no Rio de Janeiro.

"Estamos muito satisfeitos pela escolha. Fiquei muito feliz com o reconhecimento do nosso trabalho em uma cidade como o Rio de Janeiro. Também gostaria de parabenizar o Instituto Kreatori (responsável pelo canal O Cubo) pela iniciativa e pela oportunidade que dá aos artistas independentes do Brasil", destacou a artista.

No drama psicológico 'O Filho da Atriz' é retratada a angústia de uma jovem atriz e seu encontro com um ator em decadência, que ganha a vida como travesti no submundo da noite soteropolitana. O enredo não segue uma narrativa linear e é uma espécie de análise emocional das condições do artista em nossa sociedade.

domingo, 1 de junho de 2014

A briga pela Legião Urbana continua

Uma série de veículos publicou essa semana a notícia de que em breve seria lançado o site oficial da Legião Urbana. E foi assim que Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, os dois integrantes remanescentes da banda ficaram sabendo do site em questão.

O site será produzido pela Legião Urbana Produções Artísticas, empresa liderada por Giuliano Manfredini (filho de Renato Russo), e de acordo com o comunicado enviado por Dado e Bonfá “não conta com a participação, apoio ou qualquer tipo de consentimento e/ou autorização” por parte dos artistas.

Os músicos também afirmam que a empresa de Giuliano apagou um site já existente, desenvolvido pelas três partes com a colaboração dos fãs em 2010, para colocar no ar a página em construção que mostra um vídeo de Renato Russo e um botão que direciona para o site do cantor, lançado em março também pela Legião Urbana Produções Artísticas.

A empresa detém o registro da marca Legião Urbana devido a um processo que ocorreu ainda no começo da carreira da banda, mas Bonfá e Villa-Lobos lutam na justiça pelo reconhecimento de seus direitos. Leia mais sobre a disputa aqui. Os dois músicos não tiveram nenhum tipo de envolvimento nos projetos desenvolvidos com o nome da banda desde o falecimento de Renato, e nenhum produto novo poderá ser lançado (inclusive o site), enquanto o processo que corre hoje na Justiça seja resolvido, já que Bonfá e Villa-Lobos não cederam autorização para uso de imagem ou de gravações originais, conteúdo que seria utilizado no site de acordo com o anúncio publicado na imprensa.

O comunicado, publicado também no Facebook de ambos os artistas, ainda lembra outra declaração feita pela dupla juntamente à família Manfredini em 2009, que dizia “não existe Legião Urbana sem Renato, Dado e Bonfá”, e termina ilustrando a diferença entre vocalista e banda em letras maiúsculas:

“RENATO RUSSO = RENATO RUSSO
LEGIÃO URBANA = DADO VILLA-LOBOS + RENATO RUSSO + MARCELO BONFÁ”

Bob Dylan: guitarra alcança valor recorde em leilão

Uma guitarra de Bob Dylan tornou-se o instrumento mais caro a ser vendido em um leilão. A casa de leilões Christie esperava que o item fosse vendido entre US$300.000 e US$500.000, mas a guitarra conseguiu arrecadar US$ 965,000. O instrumento superou uma guitarra de Eric Clapton, agora segundo colocado, com US$ 959,500 em 2004.
"Um gigantesco montante de interesse internacional foi gerado na hora de anúncio do leilão, e os resultados de hoje justificam o mítico status desta guitarra nos anais da música na história" falou o especialista de leilões, Tom Lecky, da Christie. A identidade do comprador não foi revelada, essa Fender Stratocaster foi usada em uma performance no Newport Fok Festival em 1965 e foi vendida com sua alça e case originais.
Dylan deixou esta guitarra em um avião particular após o show, e quando o piloto contatou os agentes do músico, mas não recebeu respostas, a guitarra ficou com a família do piloto. A história ganhou notoriedade quando a filha deste submeteu o instrumento ao programa "History Detectives" da PBS, para autenticação. Em 2012, Dylan confirmou a posse da guitarra e as duas partes foram envolvidas em uma disputa legal que foi resolvida em um acordo. "Os representantes de Dylan estavam cientes do leilão mas não contestaram", disse um representante da Christie.

O Som do LP de vinil é superior?: Sabe de nada, inocente!

Por JIM SMITH
Você provavelmente sabe que os LPs de vinil estão desfrutando de uma incrível regeneração de interesse. Não que ele tenha morrido em muitos dos círculos que eu encontro. Pelo contrário, na verdade. Já que este é meu primeiro artigo para o High Fidelity Report, e a maioria dos autores – e provavelmente a maioria de seus leitores – são vinilófilos, eu achei que seria uma boa ideia irritá-los. Só que não!
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Mas eu quero mesmo dizer algumas coisas que podem deixar alguns leitores descontentes. Então aceitem isso como um compartilhamento de uma ideia.
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Por que eu me irrito
Em minhas viagens, comparecendo e participando de feiras, eventos de representantes e incontáveis sessões, incluindo aquelas datando de mais de 35 anos atrás, eu ainda estou para encontrar um único toca-discos que eu achasse que estivesse calibrado tão bem quanto possível. Isso mesmo, eu nunca ouvi um que eu achasse que estivesse reproduzindo a música em toda sua plenitude!
A má notícia é que todas elas poderiam ser melhores. Alguns aparelhos só precisavam de um pouco de ajuda – e, infelizmente, alguns precisavam de muita. A boa notícia é que – pelo menos recentemente – não se precisa de muito para efetuar uma melhoria. Quando eu tive e oportunidade de experimentar, sempre acabou sendo o caso de eu poder fazer o equipamento reprodutor de vinil soar melhor. E em muitas ocasiões, não demorou muito par afazê-lo. Talvez seja por isso que eu me irrite quando vejo audiófilos afirmando que seus toca-discos soam tão bem. Eles podem soar bem, mas eles estão tocando no nível que poderiam estar? Provavelmente não.
O Vinil – vivo ou apagado? – uma dúzia de dilemas
Para ser justo, quem é que sabe como o nosso toca-discos de vinil deve soar? A verdade é que nenhum de nós tem essa informação, e [com algumas exceções], isso pode incluir o engenheiro de masterização.
1] A maioria de nós se gaba de ser puristas que jamais conectaria um equalizador – analógico ou digital – a nossos equipamentos. Eu não consigo me lembrar de qualquer audiófilo respondendo SIM a essa pergunta: “Você usaria um equalizador de faixa plena em seu sistema?” Ainda que toda vez que toquemos um LP, o som passe por não um, mas dois níveis de equalização! Primeiro, a curva de masterização estabelecida pela RIAA é imposta ao próprio LP, e daí devemos tocar o LP através de uma fase pré-amplificadora em fono que contém [espera-se que sim] a equalização da imagem espelhada para nos retornar esse sinal ‘sem curva’.
Essa situação pressupõe que curvas projetadas com precisão por esse espelho [gravação e reprodução], que são, verdade seja dita, menos frequentes do que possamos imaginar. Gravadoras diferentes introduzem ênfases levemente distintas. Antes, as gravações pré-RIAA usavam suas próprias curvas de equalização ‘da casa’. Então temos dois níveis da repudiada equalização, e eles podem não ser tão apuradamente equalizadas para algumas de nossas gravações, pra começar.
2] A maioria dos audiófilos presta atenção quando vê um desenho que conseguiu ‘burlar’ com um estágio a mais de ganho, contudo, por algum motivo, nós damos ao estágio adicional do fono com ganho relativamente alto uma passagem. Não obstante, se estivermos usando cartuchos de bobina móvel, então pode ser que queiramos comprar um pré-amplificador fono de alta qualidade. A mesma questão da equalização, mesmo ganho exigido, soque agora apresentamos ainda mais cabos e conexões à equação. Claro, isso vai totalmente ao que atestamos acreditar que seja o melhor – menos fases de ganho, menos conexões e cabos, mas, hey, isso é analógico, então esquece!
3] Você nunca verá uma menção à equalização variante nas frequências altas à medida que você chegar mais para o centro do LP. Em outras palavras, as diretrizes exigidas de corte do vinil podem precisar de uma sutil [ou por vezes severa] mudança nas frequências mais altas à medida que se reproduz os sulcos menores.
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4] Infelizmente, nenhum avanço na engenharia ocorreu a ponto de reduzir significantemente a distorção dos sulcos de menor circunferência – isso simplesmente faz parte do vinil.
5] Você sabe com certeza que nenhum cartucho fono soa igual a outro, não sabe? A pergunta é: esse que você possui é o melhor da linhagem dele? Você já o comparou com os outros cartuchos do mesmo fabricante e com os da mesma linha? Só to perguntando… ☺
6] A espessura variante dos LPs significará que você por muitas vezes não estará os reproduzindo no SRA [‘Stylus Rake Angle’, o ângulo no qual o braço, cartucho e agulha devem estar alinhados perpendicularmente ao disco sendo tocado] otimizado. Você vai reajustar a cada disco diferente que ouvir, ou simplesmente viver com a degradação resultante da qualidade do som?
7] Como alguém que já fez centenas de gravações master, tanto em analógico 30 IPS como digital, dizer que LPs analógicos reproduzem a música com mais poder é como eu dizer que eu nunca ouvi um master comparado ao LP comercial. A fita master faz com que o LP soe defeituoso – sem dinâmica, tons ou presença. Nenhum toca-discos – não importa a que preço – pode preencher a lacuna inerente entre a fita master e o LP masterizado. Ela é ENORME – e lembre-se que tal comparação foi feita com o uso de um equipamento corretamente calibrado.
8] Hoje em dia, qualquer um que esteja disposto a trabalhar e gastar para tocar discos de vinil deveria ter se educado para executar apropriadamente os aspectos mecânicos básicos de ajuste seu toca-discos. E agora, há um grande número de ferramentas úteis que tornam o aspecto mecânico da tarefa viável. Quando eu menciono que ainda encontro toca-discos que deixam a desejar, raramente é por causa do aspecto mecânico do ajuste – overhang [a distância angular entre o pino central e o ponto de suspensão da agulha], o azimuth, etc. Isso é uma boa notícia. O único aspecto mecânico que ainda pode ser questionado de vez em quando é o isolamento do toca-discos.
9] Outra questão mecânica que pode às vezes vir à tona seria a taxa variante de momento de inércia do contrapeso e do cartucho [quando tal opção estiver disponível].
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10] As áreas que parecem se beneficiar consistentemente de um pouco mais de trabalho são a carga do cartucho fono, a força de tração vertical, VTA/SRA, e anti-derrapagem. Eu NÃO acho que medidores possam desempenhar essa tarefa – você precisa OUVIR aos efeitos de todos eles. E eles são todos interligados – assim como é a temperatura da sala.
11] Por fim, se o sistema principal não foi configurado para ‘encher a sala’, como é que o amante do vinil pode saber se os ajustes dele ou dela estão indo no rumo certo? Isso me lembra dos clientes do [sistema de avaliação e ensino de avaliação de diferentes instalações de equipamento de reprodução fonográfica/ RoomPlay Reference, que chegam aqui, e a determinado momento, pedem para ouvir seus CDs, porque ‘eles conhecem’. Em minha opinião, eles provavelmente NÃO conhecem, mas eu tento não dizê-lo – pelo menos não de cara.
12] Eu preciso mencionar o ruído de superfície dos LPs?
Uma última consideração
Quando um sistema digital é feito do modo certo, ou pelo menos muito bem feito, a música pode fluir e dedilhar as cordas do seu coração. Apesar de eu amar ouvir aos meus vinis, eu não o faço há muitos anos, preferindo, por vários motivos, ir atrás de fazer meus próprios arquivos digitais na minha mídia escolhida. A maioria dos ouvintes conclui – e frequentemente cita – que uma razão pela qual o som é tão audível é que eu estou tocando arquivos digitais de alta resolução, mas não, é material 16/44.1. Isso geralmente é uma grande surpresa para eles. Ninguém nunca se queixa ou expressa desejo de ouvir vinil. Talvez seja apenas um público incomumente educado, vai saber.
Tendo dito tudo isso, eu queria que não houvesse essa divisão entre as fontes, mas ela é bastante real. Felizmente, parece estar se dissipando. E talvez isso seja saudável, se nos mantiver debatendo. Seria bom se alguns audiófilos parassem e pensassem antes de declararem que sua reprodução de discos é o meio superior/mais preciso/de maior resolução. Talvez seja para eles, mas, hoje em dia, não o é, necessariamente, para os outros.
A atual oferta de música digital vale o esforço de explorá-la agora, até pelo razão de arquivar seus amados LPs analógicos. E sim, em alguns casos, pelo som melhor. Pronto, falei.
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Fonte: O Som do LP de vinil é superior?: Sabe de nada, inocente! http://whiplash.net/materias/news_815/204206-industriamusical.html#ixzz33QQ9klCG