A Rádio Vanguarda de Feira

A Rádio Vanguarda de Feira

terça-feira, 29 de julho de 2014

10 Curiosidades do Beatle George Harrison...


Mesmo durante a explosão dos Beatles, Harrison era sempre tido como o integrante mais tímido e silencioso. Quando entrou no Hall da Fama do Rock and Roll, em 1988, até ironizou: "Não tenho muita coisa a dizer porque sou o beatle calado".

  • Os Beatles tiveram que encerrar sua primeira temporada de shows em Hamburgo, na Alemanha, após descobrirem que George Harrison tinha apenas 17 anos. Na época, a idade era considerada abaixo do mínimo necessário para tocar em clubes noturnos, e o guitarrista acabou sendo deportado.
  • A modelo, fotógrafa e escritora Pattie Boyd conheceu Harrison durante as filmagens do filme "A Hard Day´s Night" em 1964, e os dois acabaram se casando no início de 1966, com Paul McCartney como padrinho. Pattie se tornou parte de um dos triângulos amorosos mais conhecidos da história do rock quando o guitarrista Eric Clapton praticamente se declarou para ela na canção "Layla", de 1971. Clapton era um dos melhores amigos de Harrison e namorava a irmã de Pattie, Paula, que o deixou após ouvir a música, onde ele confessa que a usava como substituta para a irmã. Pattie se divorciou de Harrison em 1974 e se casou com Clapton em 1979.
  • O guitarrista foi o responsável por trazer as influências de música indiana aos Beatles, que coincidiu com a fase musicalmente mais ousada do grupo e suas primeiras incursões psicodélicas. Após ser apresentado ao trabalha de Ravi Shankar por David Crosby, dos Byrds, em 1965, Harrison se tornou um grande fã do músico e passou a usar a cítara e outros instrumentos indianos em gravações da banda. Alguns exemplos significativos incluem "Norwegian Wood", do disco "Rubber Soul" (1965), "Love You To", de Revolver (1966) e "Within You Without You", de "Sgt. Peeper´s Lonely Hearts Club Band" (1967). Harrison se tornou grande amigo de Shankar e ajudou a divulgar sua música no Ocidente.
  • O disco "White Album", lançado pelos Beatles em 1968, era cultuado pelo assassino Charles Manson, que gostava especialmente da canção "Piggies", composta e cantada por George Harrison, cuja letra critica as elites sociais e sua ganância corporativa. Durante o assassinato da atriz Sharon Tate, então casada e grávida de oito meses do cineasta Roman Polanski, em Los Angeles no ano de 1969, Manson e seus seguidores deixaram escritas mensagens com sangue na cena do crime onde se liam as palavras "porcos" e "morte aos porcos", numa referência direta à canção.   
  • A música "Something", composição de Harrison presente no disco "Abbey Road", de 1969, é a segunda mais regravada de todo o repertório dos Beatles, perdendo apenas para "Yesterday", de 1965. 
  • O primeiro disco solo de qualquer integrante dos Beatles foi a trilha sonora do filme "Wonderwall", que Harrison compôs e lançou no final de 1968. O disco é quase todo instrumental e conta com forte influência de música indiana, e seria homenageado futuramente no título da música "Wonderwall", lançada pelo Oasis em 1995. Antes do término oficial dos Beatles, Harrison lançou ainda outro disco de música experimental, "Electronic Sound", de 1969, onde toca um sintetizador Moog.
  • Após gravar com o produtor Phil Spector o clássico "All Things Must Pass" em 1970 , LP triplo que efetivamente lançou sua carreira após o fim dos Beatles, Harrison organizou um concerto beneficente para ajudar a população de Bangladesh, que passava então por uma guerra civil. A ideia para o show, que aconteceu em agosto de 1971 no Madison Square Garden de Nova York, veio do colega Ravi Shankar.  O evento, considerado o primeiro espetáculo beneficente de grandes proporções, foi filmado e lançado posteriormente nos cinemas, e contou com as participações de Ringo Starr, Bob Dylan, Eric Clapton, Billy Preston, Leon Russell e a banda Badfinger.
  • O filme "A Vida de Brian" (1979), da trupe humorística inglesa Monty Python, só foi completado graças à ajuda financeira de Harrison. A EMI Films, que estava produzindo o longa até então, resolveu abandonar o projeto devido ao teor controverso do roteiro, que mostra um sujeito que é confundido durante toda sua vida com Jesus Cristo. Harrison criou uma produtora e distribuidora, a HandMade Films, e salvou as filmagens ao investir 2 milhões de libras na produção. A HandMade produziria diversos filmes cultuados nos anos 80, como "Mona Lisa", "Os Desajustados" e "A Surpresa de Shangai", até encerrar as atividades na década seguinte.
  • Após o término dos Beatles, Harrison se tornou o integrante da banda que teve menos contato com John Lennon, especialmente por causa de sua relação problemática com Yoko Ono.  De acordo com Lennon, Harrison, que era mais novo, foi uma espécie de discípulo seu durante a fase inicial do grupo. O assassinato do antigo companheiro em 1980 deixou Harrison extremamente abalado e motivou a gravação do tributo "All Those Years Ago", que contou com a participação de Paul McCartney e Ringo Starr e foi lançada em 1981.  
  • Os Traveling Wilburys, espécie de supergrupo formado por Jeff Lynne, Roy Orbison, Bob Dylan, Tom Petty e George Harrison, foi montado para gravar um single do ex-beatle em 1988, mas a gravadora gostou tanto da ideia que pediu que a banda gravasse um disco completo no mesmo ano. Após a morte de Orbinson em dezembro, a banda gravaria ainda um segundo disco com os integrantes remanescentes.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

+ De Milton Nascimento...

Milton nasceu em uma favela da Tijuca, no Rio de Janeiro. Filho da empregada doméstica Maria do Carmo do Nascimento, que fora abandonada grávida por seu primeiro namorado. Após os patrões descobrirem a gestação, a demitiram. Maria do Carmo enfrentou a sociedade preconceituosa e não abandonou seu filho, e o registrou como mãe solteira. Mesmo muito pobre, tentou criar Milton, com ajuda de sua mãe, uma pobre senhora viúva, também empregada doméstica, mas, ainda muito jovem, entrou em depressão e veio a falecer de tuberculose antes de Milton completar dois anos. Milton ficou entregue aos cuidados da avó. Uma das duas filhas do casal para o qual sua avó trabalhava, a professora de música Lília Silva Campos, era recém-casada e não estava conseguindo engravidar. Imediatamente, Lília apegou-se a Milton, e, então, propôs adotá-lo. A avó concordou, desde que o trouxessem para ela vê-lo algumas vezes, e que não tirassem o nome da mãe dele do registro. O casal concordou e Milton foi então adotado por Lília e seu marido Josino Campos, dono de uma estação de rádio. A família mudou-se para Três Pontas, em Minas Gerais. Em Minas, Lília e Josino criaram Milton com muito amor e carinho. Por alguns anos ele foi filho único. Mesmo fazendo tratamento, Lília não engravidava. O casal, então, passaram a visitar orfanatos e adotaram um menino e poucos anos depois, uma menina. O casal só veio a ter uma filha biológica alguns anos depois. Milton, então, cresceu ao lado dos irmãos em um ambiente feliz, saudável e próspero. Desde criança sempre soube ser adotado, assim como seus irmão sabiam.
Foi apelidado de "Bituca" por fazer um bico quando estava contrariado. Milton começou a gostar de música por influência da mãe. Aos quatro anos, ganhou uma sanfona de dois baixos, e desde cedo explorou sua voz. Aos 13 anos, era crooner ao lado do amigo Wagner Tiso em um conjunto de baile de Três Pontas.
Milton casou-se no cartório e em uma igreja da Tijuca, zona norte do Rio, em 1968, com uma estudante chamada Lurdeca. O casal foi viver em Copacabana, porém o matrimônio durou um mês: Afirmou em entrevistas ter se casado apaixonado, e a convivência fora difícil. Após dois meses separados, veio a anulação do casamento, voltando ao estado civil de solteiro. Após ele, teve diversas namoradas, uma delas, chamada Kárita, uma socialite paulistana muito rica, foi sua namorada por anos. Eles moraram juntos por mais de dez anos e tiveram um filho, Pablo, nascido nos anos 70. Porém, após um tempo, se separaram. Seus relacionamentos não deram certo por conta de sua própria carreira, que exigia muito do cantor, que se dedicava mais a seus shows que a sua vida pessoal. Morou em diversas cidades do país na casa de amigos compositores, em busca de uma chance. Fez muitas amizades com pessoas que hoje são famosas e que começaram junto com ele, cantando em bares e vivendo de gorjetas. Antes de se aventurar na música, Milton era escriturário em um escritório de Belo Horizonte, e foi convencido pelos amigos de infância a largar tudo por seu sonho de cantar. Junto deles, escrevera diversas letras e viajou pelo Brasil, de carona pelas estradas, até pegou carona em bicicleta, se apresentando em festivais. Foi amigo inclusive da presidente Dilma e de seu ex-marido, Galeno. Juntos, Milton, seus amigos e eles iam a bares e shows em Belo Horizonte. Por alguns anos teve problemas com o vício em bebida alcoólica, mas conseguiu se curar em pouco tempo.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

A História E Peculiaridades De Tom Zé




tom sze






Tom Zé faz parte do grupo de músicos intelectuais brasileiros que, além de agregarem muito à música brasileira, ainda estiveram presentes na luta contra a ditadura e na consciência política nacional à época. Mas, dentre esses, Tom Zé tem suas peculiaridades. Pode-se dizer que Tom é um caso à parte. Antonio José Santana Martins nasceu em Irará, Bahia, em 13 de outubro de 1936. Diz ter nascido e crescido na Idade Média, devido à condição peculiar e precária de sua cidade natal, em relação ao modo de vida. O português que se falava lá, inclusive, era quase primitivo, misturado aos dialetos indígenas e africanos. E a linguagem e cultura de sua terra foram expressas por ele diversas vezes em sua carreira musical. Tem como uma de suas inspirações artísticas o “homem da mala”, que eram os mercadores que viajavam de cidade em cidade vendendo seus produtos, mas que, para isso, faziam verdadeiras performances artísticas nas praças, atraindo sua clientela das mais criativas maneiras. Foi durante o ginásio que passou a se interessar verdadeiramente por música. Nesse período, chegou a fazer aulas de violão e a dedicar-se ao aprendizado musical. Viria, depois, a cursar a Universidade de Música da Bahia, na qual ingressou em primeiro lugar. Lá encontrou grandes professores, como Ernst Widmer, Walter Smetak e Hans Joachim Koellreutter. O primeiro marco de sua carreira artística foi o espetáculo “Nós, Por Exemplo II”, ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, entre outros, apresentado em Salvador. No ano seguinte, 1968, vieram mais dois fatos importantes em sua carreira. Recebeu o prêmio de primeiro lugar no “IV Festival da Música Popular Brasileira”, com a canção “São Paulo, meu amor”. Participou da gravação do histórico disco “Tropicália”/”Panis et circensis”. É um caso a parte entre os tropicalistas, entretanto, pois foi aos poucos se afastando do movimento, por diferenças ideológicas, e acabou ficando conhecido como “Tróstski do tropicalismo”, por ter sido “apagado” do movimento. Lançou seu primeiro álbum apenas em 1973. “Tom Zé ” Grande Liquidação”, que falava sobre a vida nas grandes cidades brasileiras, e já mostrava que era um artista diferente. Suas letras eram inteligentes, por vezes contundentes ou irreverentes, mas bastante particulares. É no seu trabalho de 1974, entretanto, que ele mostra realmente porque se diferenciava dos outros. “Todos os olhos”, seu álbum mais polêmico, foi lançado nesse ano. A começar pela capa: o que parece ser um olho desfocado ou algo assim é, na verdade, uma bola de gude no ânus de uma modelo. E a música segue a mesma linha, afastando-o dos grandes meios, como disse o próprio artista ” ou do mainstream, como se diz. Em 1976, lança o disco que lhe renderia, indiretamente, sua grande fama internacional. “Estudando o samba”, estranhamente formal, causa certa perplexidade na crítica nativa. Mas David Byrne, ex-”Talking Heads”, ouve o disco e se interessa imensamente pelo trabalho do artista. Esse interesse resultou no lançamento dos trabalhos de Tom Zé nos Estados Unidos, onde foi sucesso de vendas e de crítica. “The Best of Tom Zé”, coletânea lançada pela gravadora de Byrne nos anos 90, figura entre os álbuns mais importantes da década nos EUA. Em 1998, seu disco “Com defeito de fabricação”, que tem como tema a vida do homem de Terceiro Mundo, fica entre os 10 álbuns mais importantes do ano nos EUA. Tom Zé era, então, um músico reconhecido e valorizado internacionalmente e, dentro do país, as pessoas passavam a mudar a visão que tinham dele, aceitando melhor suas peculiaridades, ou “esquisitices”, enquanto artista. Nos anos 2000, lançou mais álbuns, publicou um livro sobre a luta tropicalista, teve um documentário realizado sobre sua vida e carreira e recebeu diversos prêmios. Continua, à sua forma, na ativa. Seu mais recente trabalho é de 2012: “Tropicália Lixo Lógico”, produzido por Charles Gavin. Vê-se que Tom Zé, enquanto músico, artista e pessoa, nunca teve medo de inovar para se expressar. O diferente não o intimida e a opinião dos outros não o envergonha. Nunca esteve alheio à realidade de seu país e do mundo, pelo contrário, sempre buscou retratá-la em seus trabalhos, com a sua própria visão.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

HISTORIA DA BANDA "BARÃO VERMELHO"



Barão Vermelho é uma banda de rock brasileiro fundada em 1981, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Juntamente com Legião Urbana, Paralamas do Sucesso e os Titãs é considerada uma das quatro bandas brasileiras mais influentes fundadas na década de 80.

                             

O Começo


Após assistirem um show da banda Queen no Morumbi, em São Paulo, surgiu o desejo em Guto Goffi (Flávio Augusto Goffi Marquesini), bateria, e Maurício Barros (Maurício Carvalho de Barros), teclado, de 19 e 17 anos de idade, em formar uma banda de rock. Em outubro de 1981, os dois estudantes do Colégio da Imaculada Conceição, no Rio de Janeiro, chegaram a um nome para o sonho: Guto sugeriu e Maurício concordou que o aviador alemão Manfred von Richthofen, principal inimigo dos Aliados na Primeira Guerra, batizasse o grupo com seu codinome: Barão Vermelho. Dias depois, a dupla se uniu a Dé (André Palmeira Cunha), baixo, e Frejat (Roberto Frejat), guitarra. Os ensaios ocorriam sempre na casa dos pais de Maurício e, como a banda ainda não tinha vocalista, através de uma amiga de escola, Guto conseguiu contato com um vocalista chamado Léo Guanabara (que veio a ser conhecido como Léo Jaime), mas uma incompatibilidade devido ao timbre da voz de Léo Jaime ser suave demais para o rock do Barão, fez com que ele não fosse aprovado pela banda. Léo não se aborreceu com isso, pois já integrava três bandas (entre elas João Penca e Seus Miquinhos Amestrados), indicando Cazuza (Agenor de Miranda Araújo Neto). O Barão Vermelho então estava completo.


Barão Vermelho e Barão Vermelho 2


  Em 1982, o som do Barão Vermelho, lançado nas lojas dia 27 de setembro, se espalhou um pouco e agradou muito o produtor Ezequiel Neves (José Ezequiel Moreira Neves, jornalista) e o diretor da Som Livre, Guto Graça Mello. Juntos, eles lançaram a banda e, com uma produção baratíssima,em quatro dias, foi gravado o primeiro álbum do Barão, que recebeu o nome da banda. Das músicas mais importantes, destacam-se "Bilhetinho Azul", "Ponto Fraco" e "Down Em Mim". Depois de alguns shows no Rio de Janeiro e em São Paulo, a banda voltou ao estúdio, agora por um mês inteiro, e gravou o LP "Barão Vermelho 2", lançado em 1983.


Maior Abandonado e Rock In Rio


Embora o quinteto pudesse ser promissor, as rádios não pensavam assim, e se negavam a tocar suas músicas. Só depois que Ney Matogrosso gravou "Pro Dia Nascer Feliz", é que as rádios passam a tocar a versão original do Barão Vermelho. Nessa mesma época, Caetano Veloso reconheceu Cazuza como um grande poeta e incluiu a música "Todo amor que houver nessa vida" no repertório do seu show. O Barão Vermelho começou a ter o destaque que merecia, a repercussão foi tanta, que eles foram convidados para compor a trilha sonora do filme Bete Balanço, de Lael Rodrigues, em 1984, e o seu som se espalhou pelo Brasil. Aproveitando o embalo, o Barão Vermelho lançou o terceiro disco, Maior Abandonado, em 1984, conseguindo vender mais de 100 mil cópias em apenas seis meses.

Em 1984, o Barão Vermelho tocou com a Orquestra Sinfônica Brasileira, e em 1985, foi convidado para abrir os shows internacionais do Rock in Rio. Depois de tanto sucesso, estava claro para todos que a carreira da banda estava consolidada.


Sem Cazuza e Volta ao Sucesso


Cazuza já havia expressado o seu desejo de fazer trabalhos solo, e era apoiado por Frejat, contanto que, para isso, ele não abandonasse a banda. A saída, no entanto, anunciada primeiramente ao público no final de um show, foi conturbada, causando uma ruptura na forte amizade que unia Cazuza e Frejat e que só veio a ser reconciliada anos depois. Com a saída, Cazuza ainda levou consigo algumas músicas para o seu primeiro disco solo. A banda superou, lançando a música "Torre de Babel", agora com Frejat no vocal.

Em 1986, lançaram o quarto disco —Declare Guerra— e, embora as composições contassem com a ajuda de grandes nomes, como Renato Russo e Arnaldo Antunes, o álbum não foi muito promovido. A banda então, sentindo-se abandonada, assinou um contrato com a Warner e, em 1987, lançou o álbum Rock'n Geral, que contava com a participação mais ativa dos outros membros nas composições. Embora o disco tenha recebido boas críticas, ele não vendeu mais que 15 mil cópias. No mesmo ano, Maurício deixou a banda, e entraram o guitarrista Fernando Magalhães e o percussionista Peninha.

Somente com três dos integrantes originais, a banda lançou, em 1988, o disco Carnaval, misturando rock pesado e letras românticas. O álbum estourou nas rádios por conta da música "Pense e Dance", da novela "Vale Tudo", de Gilberto Braga, e foi um sucesso absoluto, garantindo ao Barão Vermelho a oportunidade de abrir a turnê de Rod Stewart no Brasil. No ano seguinte, 1989, ainda com a popularidade em alta, o Barão lançou o sétimo disco Barão ao Vivo, gravado em São Paulo, e, nesse mesmo ano, a gravadora Som Livre lançou a coletânea "Os melhores momentos de Cazuza e o Barão Vermelho", incluindo vários sucessos como "Pro dia nascer feliz", "Bete Balanço" e muitas outras. Esse álbum tem ainda várias raridades como a música "Eclipse Oculto" (inédita) e "Eu queria ter uma bomba", música que só era encontrada na trilha nacional da novela "A gata comeu", exibida em 1985.

Em 1990, depois de constantes desentendimentos, o baixista Dé abandonou a banda, dando lugar a Dadi, ex integrante dos "Novos Baianos" e do "A Cor do Som". Ao mesmo tempo, Maurício Barros regressa aos teclados da banda, participando como músico convidado dos álbuns e das turnês. Também nesse ano, o Barão grava o disco Na Calada da Noite, mostrando o lado mais acústico do grupo. É nesse álbum que está a música "O Poeta está Vivo"; uma alusão a Cazuza, que morreria alguns meses depois de complicações causada pelo vírus da AIDS.

Ainda em 1990, todos os integrantes da banda são apontados como os melhores de suas categorias, e em 1991, a banda é escolhida, por unanimidade de público e crítica da revista Bizz, como a melhor banda do ano. Em 91 e 92, o Barão Vermelho recebe o Prêmio Sharp de melhor conjunto de rock, e, ainda em 92, são eleitos como a melhor banda do Hollywood Rock daquele ano. O baixista Dadi foi então substituído por Rodrigo Santos.Em 2001, após apresentar-se no Rock in Rio 3 Por Um Mundo Melhor, os integrantes resolveram dar uma "pausa" na banda a fim de desenvolverem projetos pessoais.

 

domingo, 20 de julho de 2014

+ De Carlinhos Brown

Carlinhos Brown, nome artístico de Antônio Carlos Santos de Freitas, (Salvador, 23 de novembro de 1962) é um cantor, percussionista, compositor, produtor e agitador cultural brasileiro. Na Espanha também é conhecido como Carlito Marrón.

Seu nome artístico consta ser uma homenagem a James Brown e H. Rap Brown, lideres da música negra da década de 70, ídolos do funk e da soul music.

Começou apreendendo a tocar pandeiro e, paulatinamente, foi dominando todos os intrumentos de percussão.

Carlinhos tornou-se um dos instrumentistas mais requisitados da Bahia no início da década de 80. Em 1984 tocou na banda Acordes Verdes, de Luiz Caldas. Foi um dos criadores do samba-reggae e, em 1985, fez parte da banda de Caetano Veloso no disco Estrangeiro. Nesta participação, sua composição "Meia Lua Inteira" fez muito sucesso o Brasil e no exterior. Ainda em em 1985, o próprio Luiz Caldas gravou “Visão de Cíclope”, primeira composição de Carlinhos Brown e um dos sucessos mais tocados nas estações de rádio de Salvador.

Em seguida surgiram “Remexer”, “O Côco” e “É Difícil”, composições suas interpretadas por outros artistas, que lhe renderam o troféu Caymmi, um dos mais importantes da música baiana. Participou também de tournês mundiais com João Gilberto, Djavan e João Bosco.

Na década de 90 projetou-se nacional e internacionalmente como líder do grupo Timbalada. Este grupo reuniu mais de 100 percussionistas e cantores, chamados de "timbaleiros", a maioria jovens pobres do bairro do Candeal, onde nasceu o compositor.

Gravou oito CDs e fez tournê por vários países do mundo. Em 1993 foi indicada pela Revista Billboard como "o melhor CD produzido na América Latina".

Após o sucesso da Timbalada lançou em 1996 discos solo (Alfagamabetizado e Omelete Man), onde atuou como cantor, compositor e instrumentista.

Como Hermeto Pascoal, Carlinhos ficou famoso também por conseguir tirar ritmos de tonéis de lixo e baldes com água, realizando o experimentalismo.

Além da Timbalada, desenvolve outros projetos paralelos na Bahia, dentre os quais: Bloco Timbalada, Candyall Gueto Square, Estúdio Ilha dos Sapos, Trio Elétrico Mr. Brown, Lactomia e Associação Pracatum Ação Social – APAS.

Em 2002 fez grande sucesso nas rádios brasileiras, cantando com Arnaldo Antunes e Marisa Monte em Os Tribalistas. O sucesso "Já sei namorar" ficou em primeiro lugar nas principais rádios do Brasil. A segunda canção do trabalho, "Velha Infância", tornou-se trilha sonora de uma novela da Rede Globo. Em 2003 Os Tribalistas ganhou os prêmios de melhor CD, DVD e melhor canção, com "Já sei Namorar", no Multishow de Música Brasileira.

Realizou, na Espanha, quarenta espetáculos, entre os meses de maio e julho de 2005. Nos cinco "Carnaval Movistar", o artista brasileiro transformou por algumas horas as ruas de Bilbao (21 de maio), Barcelona (28 de maio), Madrid (18 de junho), Sevilha (26 de junho) e Valência (17 de julho), em Salvador Bahia.

Esta turnê acabou em 27 de agosto em Alcalá de Henares (Madrid) e levou o artista em maio a Albacete e Tomares (Sevilha) e em junho a Girona, Logroño, Salamanca, Jaén, Corunha, Valladolid, Saragoça e Castela e Leão.

Entre outras cidades, o cantor se apresentou em julho em Córdoba, Tenerife, Gran Canária, La Palma, Valência, Gijón e no Festival Pireneus Sul e em agosto em Pinto (Madrid), Pontevedra, Alicante, Gandía, Bilbao, Malhorca, Serpa e Lagos em Portugal. O cantor, maior fenômeno da música baiana na Europa, foi seguido por outras bandas e cantores no mesmo passo.

















sexta-feira, 18 de julho de 2014

Atemporal! Jorje Ben Jor.

Carioca de Madureira, mas criado no Catumbi, Jorge Ben Jor queria ser jogador de futebol e chegou a integrar o time infanto-juvenil do Flamengo. Mas acabou seguindo o caminho da música, presente em sua vida desde criança. Ganhou seu primeiro pandeiro aos treze anos de idade e, dois anos depois, já cantava no coro de igreja. Também participava como tocador de pandeiro em blocos de carnaval. Aos dezoito, ganhou um violão de sua mãe e começou a se apresentar em festas e boates, tocando bossa nova e rock and roll. É conhecido como Babulina, por conta da pronúncia do rockabilly Bop-A-Lena de Ronnie Self (apelido que Tim Maia tinha pelo mesmo motivo). Seu ritmo híbrido lhe trouxe alguns problemas no início, quando a música brasileira estava dividida entre a Jovem Guarda e o samba tradicional, de letras engajadas. Ao passar a ter interesse pela música, o artista vivenciou uma época na qual a bossa nova predominava no mundo. A exemplo da maioria dos músicos de então, ele foi inicialmente influenciado por João Gilberto, mas desde o início foi bastante inovador.

No início da anos 60 apresentou-se no Beco das Garrafas, que se tornou um dos redutos da bossa nova. Em 1963, ele subiu no palco e cantou "Mas que Nada" para uma pequena platéia, que incluía um executivo da gravadora Philips. Dois meses depois, era lançado o primeiro compacto de Jorge Ben, que inclui ainda "Por Causa de Você, Menina". No mesmo ano lançou o primeiro LP, Samba Esquema Novo, acompanhado pelo conjunto de samba jazz Meireles e os Copa Cinco.

"Mas que Nada" foi seu primeiro grande sucesso no Brasil e também é uma das canções em língua portuguesa mais executadas nos Estados Unidos até hoje, na versão do pianista brasileiro Sérgio Mendes com o grupo de hip hop norte-americano Black Eyed Peas. E também foi uma das poucas a obterem êxito neste país (como "Garota de Ipanema"), tendo ainda sido regravada por artistas como Ella Fitzgerald, Dizzy Gillespie, Al Jarreau, Herb Alpert, José Feliciano e Trini Lopez. Outras composições como "Zazueira" e "Nena Naná" fizeram relativo sucesso no país.

Em 1968, Jorge Ben quando foi convidado para o programa Divino, Maravilhoso que Caetano Veloso e Gilberto Gil faziam na Tupi. Ele também participou d"O Fino da Bossa" (comandado por Elis Regina) e da Jovem Guarda (de Roberto Carlos). Nesta época, Jorge Ben obteve enorme sucesso com "Cadê Tereza?", "País Tropical", "Que Pena" e "Que Maravilha", além de concorrer com "Charles, Anjo 45" no festival Internacional da Canção, da TV Globo, em 1969.
Na década de 1970, venceria este festival com "Fio Maravilha", interpretado por Maria Alcina. "País Tropical" também teve êxito, na voz de Wilson Simonal. Ainda nos anos 70, Jorge Ben lançou álbuns mais esotéricos e experimentais, como A Tábua de Esmeralda (1974), Solta o Pavão (1975) e África Brasil (1976). Embora não obtivessem sucesso comercial, estes álbuns são considerados clássicos da música brasileira.

Na década seguinte, Jorge Ben dedicou-se a divulgar suas músicas no exterior. Em 1989, ele mudou o nome artístico de "Jorge Ben" para "Jorge Benjor", logo depois alterado para "Jorge Ben Jor". Na época, foi dito que a mudança teria sido provocada pela numerologia, mas o mais plausível é que tenha ocorrido para evitar confusões com o músico americano George Benson, Jorge Ben estava começando a se tornar muito conhecido nos Estados Unidos na época.

Nesta nova fase, sua música tornou-se mais pop, ainda que com estilo suingue. Sua música "W/Brasil (Chama o Síndico)", lançada em 1990, estourou nas pistas de dança em 1991 e 1992, tornando-se uma verdadeira febre na época. A canção é também uma homenagem ao cantor Tim Maia. Além disso, foi realizada devido a um pedido pessoal do Sr. Washington Olivetto, proprietário da W/Brasil, que o pediu para criar uma música sobre a agência.

Em 2004, Jorge Ben Jor lançou Reactivus Amor Est (Turba Philosophorum), primeiro álbum com canções inéditas desde 1995. Ainda na ativa, seus shows costumam durar cerca de três horas, para platéias formadas principalmente por jovens.
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quinta-feira, 17 de julho de 2014

Entrevista: Radio Taxi - Gel Fernandes fala sobre presente, passado e futuro

Ícone do pop rock dos anos 1980, o Radio Taxi ensaiou uma volta à ativa com o lançamento, em 2006, do DVD “Radio Taxi ao Vivo”. Dois anos depois, o guitarrista e um dos fundadores da banda, Wander Taffo, faleceu vítima de um ataque cardíaco.

A banda passou por uma fase de luto, como seria de esperar, e depois tentou se reestabelecer. Tarefa difícil, já que Wander não era apenas um guitarrista, mas um grande compositor e figura das mais carismáticas na cena musical nacional.

Além disso, os remanescentes Lee Marcucci (baixo), Gel Fernandes (bateria) e Maurício Gasperini (voz) acabaram se desentendendo no meio do caminho. Gel e Lee seguiram em frente com novos integrantes a agora acabam de colocar no mercado mais um DVD ao vivo, chamado "3 Décadas ao Vivo", acrescido de uma porção de faixas novas.

Toda essa fase conturbada e também a nova formação foram tema de um longo papo com Gel Fernandes no fim do mês de março, que você confere logo abaixo.

Novas músicas, novos músicos

“Conseguir um cara para substituir o Wander foi difícil, demorou. A gente queria um cara que fizesse o que o Wander fazia. Mas para as músicas novas tinha que ser um cara que fosse capaz de criar. Um cara que soubesse valorizar as composições”, contou Gel sobre a busca de um novo guitarrista. “Um amigo me indicou o Gabriel Navarro. No primeiro dia que marcamos um ensaio eu vi que ia dar certo”.

Sobre o vocalista, Fábio Nestares, Gel conta: “Eu já tocava com ele em outra banda, de covers, para curtição”. Já o tecladista, Flávio Fernandes, toca com o Radio Taxi há dois anos. Ele é sobrinho de Gel.

Antes do DVD a banda ficou apenas três meses ensaiando e acertando as versões. Parece mais, devido ao entrosamento que se nota assistido ao material, mas Gel minimiza: “As músicas antigas já estavam prontas, mudamos poucas coisas, bastava os novos integrantes tocarem”. Quem toca sabe que não é bem assim. Foi a sintonia entre os integrantes o que permitiu que o resultado ficasse tão bom.

Os novos músicos não participaram da composição das novas faixas, uma vez que estas já estavam prontas, mas suas ideias e talentos foram mais do que aproveitados nos arranjos: “Eu e o Lee sabíamos que tínhamos que dar espaço para eles - O Fabio, o Flávio e o Gabriel - pois eles são novos, têm ideias novas e isso é importante. Mesmo nas músicas antigas”.

A ideia era modernizar, sem perder a personalidade: “Não precisava tocar as mesmas notas do Wander, mas como os solos são conhecidos, precisava deixar com a mesma cara. Pode ser mais moderno, mas sem perder a identidade. Quando ele e o tecladista colocavam um timbre muito diferente eu e o Lee ouvíamos e, às vezes, achávamos que estava muito fora. Outras vezes, não.”



Gel Fernandes considera importante que os novos integrantes participem das próximas composições, pois têm muito a oferecer: “Eles são novos, conhecem um monte de coisas novas, bandas que eu nunca ouvi falar”.

A escolha de lançar um DVD e não um disco de inéditas se deu por causa do formato permitir maior maleabilidade: “A gente estava muito tempo sem gravar. Se fosse fazer um disco tinha que ter todas inéditas. A gente estava mais a fim de fazer um DVD, misturar novas e velhas”.

Passado e histórias curiosas

Sobre as novas músicas, aliás, Gel conta que algumas não são exatamente novas. “Limosine”, por exemplo, tem uma história curiosa: “Ela tem uma história legal. Era 83 ou 84 e nosso disco já estava pronto e o Marcos Maynard, produtor, sugeriu fazer a versão de uma música que estava estourada na Europa. A gente não queria. Mas ele insistiu. O disco já estava até mixado, pra você ter uma ideia”.

“Pela insistência, a gente resolveu gravar. Se ficasse ruim, a gente não colocaria no disco. Era ‘Eva’. Quando gravamos achamos que ela ficou mais legal do que em italiano, que era o original. O problema é que para por ‘Eva’ no disco tinha que tirar uma música. A gente podia ter somente acrescentado e um dos lados ficaria com seis músicas. Mas, sabe como funciona o vinil? Quanto mais músicas têm, mas tem que espremer os risquinhos, e corre o risco de a agulha pular no disco. Sem contar que diminui a qualidade quando tem mais músicas. Não foi fácil escolher qual iríamos tirar. Foi ‘Limosine’”. “Limosine” ganhou um arranjo novo, uma nova gravação e foi parar nesse novo DVD.

“Nova Geração” também não é uma canção nova. Nem inédita. Ela está no disco “Matriz” e ganhou uma versão modernizada para o lançamento e, segundo Gel, foi escolhida pois sua “letra continua atual”.

As demais, de fato novas, mantém a identidade do Radio Taxi e Gel explica: “Continuamos com as mesmas referências, então a base é a mesma. Além disso, não teria sentido mudarmos completamente o som. Seria outra banda”.

Relembrando o passado e os sucessos, Gel contou outra história interessante. Ela envolve o ‘hit’ “Coisas de Casal”, música de autoria de Rita Lee e Roberto da Carvalho.

Na época de seu lançamento, a canção ganhou um arranjo feito por Lincoln Olivetti que foi criado na hora, no estúdio. “Ele ouviu a música uma única vez, sentado no chão. Quando acabou de ouvir ele levantou e perguntamos se ele queria ouvir de novo. Ele disse ‘não’, e foi lá e tocou a música e fez o arranjo”, contou Gel.

A banda adorou, mas na hora de reproduzir ao vivo, ninguém sabia como fazer. “Ligamos pro Lincoln Olivetti e ele disse que não lembrava, pois inventou na hora. Tivemos que mandar a música para ele tirar e lembrar como fez. Aí ele mandou pra gente, o arranjo escrito, e a gente guardou direitinho para nunca perder”, lembrou com saudosismo o baterista.

Desavenças, brigas e cobranças

Como não é difícil imaginar, as cobranças em cima da nova formação vieram com força. Substituir o Wander e ainda seguir com outro vocalista provocou reações. Gel chegou a ouvir que estava dando um tiro no próprio pé: “O que eu ia fazer? Ficar com um cara chato [referindo-se a Gasperini] e chamar o outro do além [falando de Wander]? Vou buscar ele como? O dia que eu conseguir eu chamo”.

O problema com o vocalista Maurício Gasperini foi mais complicado. Até fofocas envolve, com o vocalista achando que havia sido tirado da banda quando na verdade Gel e Lee nunca haviam cogitado isso.

Os músicos estão brigados atualmente. As brigas se passaram principalmente na internet e nas redes sociais. Um show na Virada Cultural, em 2009, chegou a ser desmarcado. Segundo Gel, Maurício leu na internet que estaria fora da banda e isso deu início a uma série de discussões e desentendimentos que cresceram a ponto de envolver advogados.

Maurício chegou a fazer shows usando o nome Radio Taxi, coisa que hoje está legalmente proibido de fazer. “Sou eu quem paga pelo nome Radio Taxi há trinta anos. Não quero ninguém queimando o nome da banda”, completa Gel.

“Muita gente ficou me cobrando, desejando que eu me desse mal”. E o músico foi contundente: “Para essas pessoas, eu avisei, ‘Eu faço o Radio Taxi na hora que eu quiser’. Ninguém precisa falar que está demorando muito. Eu faço a hora que eu achar que está legal, que está bom. Eu vou colocar na banda quem eu quiser. Não venham me encher o saco”.


Daqui pra frente

A banda está se organizando para fazer a divulgação do DVD "3 Décadas ao Vivo", que ainda não tem gravadora ou distribuidora, mas a agenda ainda está devagar.

“O DVD é um projeto que fizemos com o ProAC [Programa de Ação Cultural do governo do Estado] junto com a Sociedade da Cerveja que tinha um tempo para ser concluído. Além do DVD havia 13 shows programados em barzinhos. Doze desses shows foram feitos antes do DVD ficar pronto”, conta o baterista.

O futuro da banda, para Gel Fernandes, é continuar tocando e fazendo shows. Mas sem pressa.

Clementina de Jesus, A Rainha Ginga.

A vida de Clementina de Jesus tinha tudo para ser igual à de milhões de pobres brasileiros se não fossem a sua insistência em cantar, a sua voz e o destino. Ainda menina, costumava acompanhar a mãe, uma lavadeira que gostava de cantar corimas, jongos, lundus, incelenças e modas, enquanto trabalhava. Foi provavelmente nesta época que aprendeu os cantos de escravos que, anos mais tarde, fariam a sua fama

Com apenas dez anos, foi morar com a família em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Um vizinho, que sempre escutava a menina Clementina de Jesus cantando dentro de casa, ofereceu para a garota o papel de solista em procissões e festas religiosas. Após a morte do pai, a situação financeira da família ficou muito complicada e Clementina de Jesus não teve outra alternativa a não ser trabalhar como empregada doméstica, lavadeira e passadeira. Durante mais de 20 anos, esta foi a atividade que a sustentou.

Pouco tempo antes de morrer, em um depoimento, Clementina de Jesus disse que todos os integrantes da casa onde trabalhou como empregada doméstica gostavam de ouvi-la cantar, com exceção da proprietária, que dizia que a sua voz era irritante, por parecer um miado de gato. No final dos anos 20, passou a freqüentar blocos de Carnaval que, depois, seriam transformados em escolas-de-samba. Depois de dois casamentos, um deles com Albino Correia da Silva, o Pé Grande, um torcedor fanático da escola de samba da Magueira, o destino bateu à porta de Clementina de Jesus e a empregada doméstica deu lugar a uma cantora que marcou época na música popular brasileira.

Seu canto rouco e quase falado, fora dos padrões estéticos, conquistou a crítica, compositores, artistas e, principalmente, o povo. Um dos retratos do sincretismo brasileiro, Clementina de Jesus estabeleceu uma ponte entre o folclore dos terreiros de candomblé com a linguagem contemporânea. Finalmente, em 1964, quando já contava com 62 anos, a cantora teve a sua grande oportunidade profissional.

O compositor e produtor Hermínio Belo de Carvalho, que já tinha visto Clementina de Jesus se apresentar em bares do Rio de Janeiro, convidou-a para fazer alguns shows. No dia 7 de dezembro do mesmo ano, depois de ouvir um recital clássico (Mozart e Villa-Lobos), o público que lotava o Teatro Jovem, em Botafogo, ficou assustado ao ver entrar no palco uma cantora de voz anasalada, acompanhada por Paulinho da Viola, César Faria e Elton Medeiros.

O sucesso foi imediato, a ponto de Hermínio Belo de Carvalho criar o musical "Rosas de Ouro", que percorreu as principais capitais brasileiras. Chamada de "Tina" ou "Quelé" pelos amigos, Clementina de Jesus gravou mais de 120 músicas e participou de discos de outros artistas, como Milton Nascimento, por exemplo.

O compositor Paulinho da Viola, que teve duas músicas de sua autoria, "Essa Nega Pede Mais" e "Na Linha do Mar" incluídas no disco "Marinheiro Só", um dos maiores sucessos de Clementina de Jesus, contou em diversas entrevistas que a cantora era fascinante. "Tudo o que se fala de Clementina de Jesus não tem a dimensão da presença dela. Ouvi-la cantando, sentada, com o seu vestido de renda, era algo absolutamente fascinante, difícil de transmitir, de traduzir em palavras." Pobre, Clementina de Jesus morreu aos 85 anos, no dia 19 de julho de 1987.







quarta-feira, 16 de julho de 2014

José Bezerra da Silva – Mais conhecido como "Bezerra da Silva"

Bezerra da Silva nasceu no Recife no ano de 1927, se mudou para o Rio de Janeiro aos 15 anos de idade, fugindo da fome e da falta de perspectiva em sua cidade natal, vivendo lá até 2005, ano de sua morte. Na cidade maravilhosa encontrou trabalho na área da construção civil, não se pagava bem e muitas vezes passava o dia trabalhando sem dinheiro para comer. No Rio também encontrou espaço para criar seus sambas que serviam como uma válvula de escape diante de uma realidade nada fácil.




Sua história no mundo da música se inicia através de Jackson do Pandeiro. Em 1950 se torna ritmista da Rádio Clube, onde tocava tamborim, surdo e instrumentos de percussão, mas ele foi mais longe: estudou violão por oito anos e se tornou um dos poucos sambistas, naquela época, que sabia ler uma partitura.

Após muito trabalho e estudo Bezerra consegue lançar seu primeiro compacto, em 1969, o primeiro LP seis anos depois e daí em diante não parou mais. O porta-voz da favela, apelido que não foi dado à toa visto que a grande maioria de suas músicas eram compostas por gente do morro,  retrata em seus sambas a realidade de um povo, muitas vezes, marginalizado.  Ele não poupa esforços ao falar das injustiças sociais, o que fica claro na música “Vítimas da Sociedade”:

"Se vocês estão a fim de prender o ladrão. 
Podem voltar pelo mesmo caminho 
O ladrão está escondido lá embaixo 
Atrás da gravata e do colarinho"

Mesmo vivendo uma realidade cruel, onde muitas vezes não tinha o que comer ou que via amigos serem presos injustamente, o sambista conseguia manter o tom bem humorado presente nas canções que gravava, um bom exemplo aparece na música “Parabéns pra você meu Brasil”:

Roubam até da merenda de crianças carentes, minha Nossa Senhora!
Só não roubam São Jorge porque Ele mora na rua(lua?)

Na música “Se não fosse o samba” ele fala dos muitos momentos em que os moradores do morro eram presos apenas por serem da favela:
E toda vez que descia o meu morro do galo
Eu tomava uma dura
Os homens voavam na minha cintura
Pensando encontrar aquele três oitão
Mas como não achavam
Ficavam mordidos, não dispensavam,
Abriam a caçapa e lá me jogavam
Mais uma vez na tranca dura pra averiguação”

Bezerra da Silva é considerado por muitos como um “artista marginal”, pois desafia o sistema em que vive, denunciando e fazendo críticas sociais a respeito da sociedade brasileira.  Abaixo alguns trechos que exemplificam isso:
“Meu samba é duro na queda
Não é conversa fiada
É uma bandeira de luta
na vida da rapaziada
Sou porta voz de poetas
Que ninguém da chance  assim como eu
Uns vêm da favela, outros da baixada
Com esses talentos o meu samba venceu”

(Meu samba é duro na queda)

“Quem tem muito quer ter mais
E quem não tem mata pra ter
Trocando a paz pela guerra
pensando que vai resolver
Sei que a maré está braba
Mas tem muita gente na maré mansa
Sustentando cachorro a filé mignon
E vendo a fome matando criança”

(Raiva de tudo)
"Se elegeu com votos da favela,
depois mandou nela
metê bala,
isso é que é ser canalha..."
(Verdadeiro Canalha)

"Por que é que o doutor não prende aquele careta

que só faz mutreta e só anda de terno
porém o seu nome não vai pro caderno
ele anda na rua de pomba-rolô
A lei só é implacável pra nós favelados
e protege o golpista
ele tinha que ser o primeiro da listas
e liga nessa doutor!"
(Se liga Doutor)
Muitos dizem por aí que Bezerra era à frente do seu tempo, acredito nisso quando penso em sua coragem em criticar sem papas na língua o que muita gente engolia calado, mas de uma coisa é certa, infelizmente os problemas daquela época continuam fazendo parte do nosso dia a dia, e é por isso que não me canso de ouvir suas músicas. Vejam esse trecho da música “Candidato caô caô” e me digam se não é superatual?!
Ele subiu o morro sem gravata
Dizendo que gostava da raça
Foi lá na tendinha
Bebeu cachaça
E até bagulho fumou
Jantou no meu barracão
E lá usou
Lata de goiabada como prato
Eu logo percebi
É mais um candidato
Às próximas eleições
Falcão, Bezerra e Marcelo D2
Assista um tributo feito a Bezerra da Silva:


E também a apresentação dele no programa Viva Brasil:


Bezerra nunca foi um músico aclamado por todos, é mais do tipo que se ama ou odeia, mas tem um grande e fiel público, além de uma vasta obra, confira a discografia completa do mestre:
·         (2005) O samba malandro de Bezerra da Silva • Sony/BMG • CD
·         (2004) Pega eu • Som Livre • CD
·         (2004) Caminho de luz • Independente • CD
·         (2003) Meu bom juiz • CID • CD
·         (2002) A gíria é a cultura do povo • CD
·         (2000) Bezerra da Silva ao vivo • CID • CD
·         (2000) Malandro é malandro e mané é mané • Gravadora Atração Fonográfica • CD
·         (1999) Eu tô de pé • MCA • CD
·         (1997) Presidente caô caô • BMG Ariola • CD
·         (1997) Bezerra da Silva comprovando a sua versatilidade • Rhythm and Blues • CD
·         (1996) Meu samba é duro na queda • RGE • CD
·         (1995) Bezerra da Silva contra o verdadeiro canalha • RGE • CD
·         (1995) Moreira da Silva, Bezerra da Silva e Dicró-os três malandros in concert • Sony Music • CD
·         (1992) Presidente caô, caô • CID • CD
·         (1990) Eu não sou santo • RCA Victor • LP
·         (1988) Violência gera violência • RCA Victor • LP
·         (1986) Alô malandragem, maloca o flagrante • RCA Victor • LP
·         (1985) Malandro rifle • RCA Victor • LP
·         (1983) Produto do morro • RCA Victor • LP
·         (1980) Partido-alto nota 10 Volume 3 • LP
·         (1978) Partido-alto nota 10 volume 2 • CID • LP
·         (1977) Partido-alto nota 10 volume 1 • CID • LP
·         (1976) Bezerra da Silva, o rei do coco volume 2 • Tapecar • LP
·         (1975) Bezerra da Silva, o rei do coco volume 1 • Tapecar • LP
·         (1969) Mana, cadê o boi?/Viola testemunha • Copacabana Discos • Compacto simples