Vamos viajar no tempo até o momento em que o Brasil entrou de vez na
rota de shows internacionais. Relembre (ou conheça) fatos pitorescos que
marcaram a primeira edição do Rock In Rio.
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Três bandas inicialmente anunciadas acabaram não vindo: The Pretenders
(a vocalista Chrissie Hynde descobriu que estava grávida meses antes do
festival), Men At Work (o grupo se separou repentinamente) e Def Leppard (o baterista Rick Allen sofreu o acidente que lhe custaria o braço esquerdo às vésperas do evento).
- Para o lugar do Def Leppard, o Whitesnake foi recrutado. Substituindo o The Pretenders, veio o B-52’s. Rod Stewart preencheu a vaga do Men At Work, embora algumas fontes não estabeleçam conexão entre uma coisa e outra.
- A estrutura de palco era toda do Queen. Alguns aparatos de som e luz entravam em ação apenas nas duas apresentações da banda.
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A Igreja Católica conclamou seus fieis a não participar da festa
diabólica que se instalava no Rio de Janeiro. “O Rock é uma música
alienante e provocatória. As consequências de ordem moral e social devem
preocupar pais e mestres”, declarava o Cardeal Arcebispo Dom Eugênio
Salles.
- Na mesma linha, o então governador carioca, Leonel
Brizola, se apoiava em suposta profecia de Nostradamus, que dizia que um
grande encontro de jovens na
América do Sul, no fim do século XX, terminaria em tragédia, com a morte
de milhares de pessoas. Segundo Roberto Medina, “a história foi
inventada por jornalistas em um porre de bar”.
- Apesar de
toda a pressão para transmitir uma imagem positiva a cada show, os
artistas nacionais sofreram nas mãos do público, especialmente em dias
que havia alguma banda de Heavy Metal na escalação. Poucos não foram hostilizados pela plateia, que atirava tudo em direção aos palcos.
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As informações sobre Rock no Brasil eram tão escassas que uma das
bandas mais votadas para se apresentar no evento, em pesquisas
populares, era o Led Zeppelin. A banda havia acabado cinco anos antes, após a morte do baterista John Bonham.
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Foi durante o festival que a expressão “metaleiro” foi criada. Sem
saber como denominar a legião de headbangers que tomou de assalto a
Cidade do Rock, a Rede Globo deu origem ao termo. Até hoje, ele é
abominado pela cena Heavy, por ser considerado pejorativo.
- O Mc
Donald's vendeu, num só dia, 58 mil hambúrgueres, entrando para o
Guiness Book of Records. Este ainda é o seu recorde até hoje.
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Também foram consumidos 1.600.000 Litros de bebidas em 4 milhões de
copos; 900.000 sanduíches; 7.500 quilos de massa e 500.000 fatias de
pizza.
- Com a New Wave em alta, o público caprichou no visual típico. 800 quilos de gel para o cabelo foram vendidos.
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A cantora Nina Hagen foi escolhida pela imprensa como “a musa dos
roqueiros”. O papel de sex symbol masculino coube a John Sykes,
guitarrista do Whitesnake.
- Preocupado em evitar polêmicas, Roberto Medina proibiu, em contrato, que Ozzy Osbourne devorasse morcegos no palco.
- O Madman foi a primeira atração internacional oficialmente confirmada.
- O sino do AC/DC
não pôde ser colocado no palco. Os engenheiros concluíram que a
estrutura não suportaria o peso. A saída foi apelar para uma réplica de
gesso.
- O guitarrista do Scorpions, Matthias Jabs, tocou com uma guitarra que imitava (ou ao menos tentava) o formato do mapa do Brasil.
- O contrato padrão previa duas apresentações para cada banda. Mas o Iron Maiden tocou apenas uma vez. Compromissos anteriormente assumidos impediram outro concerto.
- Durante a execução de “Revelations”, Bruce Dickinson bateu a guitarra
acidentalmente em seu rosto. Com sangue escorrendo pela face, continuou
a música até o fim. Fãs acharam que era um truque para emprestar
dramaticidade ao espetáculo.
- Freddie Mercury era a diva do
festival. Não permitia que ninguém se aproximasse e ameaçava ir embora
se algum reles mortal o dirigisse a palavra. Acompanhe acontecimento
relatado na revista Showbizz, em matéria especial sobre os quinze anos
do Rock In Rio:
Freddie Mercury deu fricote ao chegar à Cidade do
Rock e encontrar o corredor cheio de plebeus (Erasmo Carlos, Elba
Ramalho e outros astros da MPB, que esperavam para vê-lo). Entra em cena
para segurar o pepino o bravo Amin Khader, responsável pelos camarins –
que, àquela altura, já tinha tratado de acender o saquê a 20 graus para
fazer a vontade de Sua Majestade. Travou-se então o seguinte diálogo...
Freddie: Quem são essas pessoas?
Amin: Grandes artistas brasileiros, gente do mesmo gabarito que você.
Freddie: Não podem ser do mesmo gabarito que eu, porque eles me conhecem e eu não os conheço!
Sua
Majestade, então, do alto de seu posto de líder do grupo que cobrava o
maior cachê do evento (US$ 600 mil), exigiu que todos saíssem do caminho
ou voltava para o hotel. A duras penas, Amin conseguiu que cada um
voltasse para o seu camarim. Porém, as portas permaneceram abertas. À
passagem de Freddie, ouvia-se o coro de “Viado! Viado!”.
Freddie: O que eles estão gritando?
Amin: Estão te elogiando...
Freddie: É mentira!
Pas-sa-do,
Freddie entrou em seu camarim. Minutos depois, saiu e procurou Amin.
“No Brasil tem furacão?”, perguntou. Ao ouvir a negativa, Sua Majestade
retrucou: “Pois acabou de passar um por aqui!”. “Quando eu entrei”,
conta Amin, “estava tudo virado! A bicha tinha botado o camarim de
pernas pro ar. Tinha mamão papaya até no teto!”.
Fontes de
pesquisa: Revista Showbizz (reportagem “Os dez dias que abalaram o
Brasil”, de Jaime Biaggio) e site oficial do evento.
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